19 de julho de 2010

O menino e a sua hora

É quando todos os olhos se fecham que os meus se abrem. Resisto bravamente enquanto todos morrem.

Muitas pessoas não entendem o processo que está se fazendo, por isso olha para mim e pensam que sou eu que estou morrendo.

A dúvida no meu coração sempre foi algo atemorizante, fazendo eu me sentir muito mal como se fosse esmagado por um elefante.

Dos poucos amigos que me restaram, poucos ainda conseguem me entender. Talvez por eu ser realmente raro ou por eles nunca desejarem me compreender, embora eu saiba que o que digo nem todos os ouvidos estão aptos para saber.

O caminho que trilho não foi o caminho que escolhi trilhar. Os obstáculos que enfrento não foram às paisagens que desejaria admirar. E é a isto que ninguém entende, e é justamente isto o que menos sei explicar.

Para uns eu sou muito imóvel, para outros eu sou muito estático, mas o que poucos sabem é o que se passa na essência de um ser pra lá de enigmático.

Para muitos minhas palavras são apenas insanidade, muito distante dos seus mundinhos e das suas doces verdades. Para outros não passo de um falso sábio legitimado por um traje de covarde totalmente alheio ao mercado financeiro, disperso das objetividades. 

Mas o que poucos sabem e muitos nunca conhecerão, é o segredo da vida escondido na boca de um Leão e cuspido pelo fogo da eternidade.

Minha história não é simples e nem bela, nova ou velha, e enquanto o mundo seguir adormecido de olhos arregalados, é do desconforto de minha alma que mantenho meus sentidos ligados.

Através de risos ou lágrimas, uns só vieram para se entreterem, pra pensarem estar vivos sem nunca nascerem. Enquanto outros que verdadeiramente existem é como se nunca vivessem, são apenas os protetores dos cegos antes que os sinais se fechem.

A mais pura verdade é que dentre todas as amizades, uns poucos conseguem nos entender pelas palavras, enquanto aos outros só lhes restam esperar as obras. E será o arabesco de nossos feitos e a soberba de nossas horas que serão capazes de lhes fazerem entender os porquês de tanta demora.


Ricardo Magno

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