19 de julho de 2010

Minha profissão

De todos os que nascem sempre há aquele que veio para ser crucificado. Se ele foge do seu destino então é porque não é predestinado. Pois o eleito é sempre aquele que tem os feitos consolidados.


Com calos nas mãos e de pés engessados, assim segue a longos passos o caminho do abençoado.

Com a dor estampada e o suor pregado, assim segue o caminho daquele que os outros chamam de coitado.

De sorriso extenuado mesmo numa face corada, assim é a feição daquele que os outros dizem que é um “pobre diabo”.
Nunca tranqüilo e muito menos calmo, assim é o estado do menino sacro.

Em algumas horas estável, em outras horas incauto; assim passa o tempo do menino mágico.

De coração na mão nunca diz não e ainda estende a mão quando lhe dão um pisão. Assim é a alma de quem não tem orgulho de pedir perdão.


Olha para um cachorro e só vê o rabo, para uma alma e só vê pecado. Assim é a percepção daquele que é dito um ser imaculado.

Odeia confusão e sempre prega a união de todos os lados. Assim se cumpre à missão do menino enviado.

Com pouca raiva no coração, somente guarda a necessária para não se tornar fragilizado. Assim busca se proteger aquele que veio erradicar os culpados.

De pouca idade, ainda jovem, comete todos os deslizes da mocidade, mas sempre seguindo o desejo oculto da alma de chegar a ser além de um pobre ordinário. Assim é o menino. Aquele que foi fadado a um destino extraordinário.

Nunca ostentando felicidade, jamais exacerbando maldade. Assim se equilibra a balança daquele que só propaga o seu corolário.

Em alguns momentos, solitário; em outros casos, mal acompanhado. Assim se faz os passos daquele que de vez em quando acha tudo o que quer sem sair do próprio quarto.

Uma criança, um menino ou às vezes um jovem cabisbaixo. Assim se faz a fusão da síntese de todos os traços.

Um amigo, primo ou irmão, mas se quiserem podem chamá-lo de mais um dentre os vários Ricardos porque é assim que se faz a vida de mais um dos abestalhados.


Ricardo Magno

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