9 de julho de 2010

Imperatriz: cidade de imagem violenta

Imperatriz sempre foi considerada uma cidade violenta ao ponto de ganhar a alcunha de cidade da pistolagem. Não à toa o nosso querido Chico Anísio nos premiou em rede nacional com uma piada sobre o nosso ramal (DDD) e um suposto disque-pistoleiro. Tudo graças a uma querela com um colunista (colubicha!) social maranhense. Até a esse ponto chegamos!

Localizada em uma das rotas do garimpo, a cidade se manteve por um bom tempo através desta atividade extrativista. Com o ouro que escoava para seu mercado, também vinha a baderna e o alto índice de prostituição provocado pela onda de garimpeiros que por aqui passavam. Deste cenário sócio-econômico encontram-se alguns fatores responsáveis pelo “alto índice de homicídios”. Entretanto, em 2007, só na capital foram registrados 391 enquanto em Imperatriz ocorreram 172 homicídios, equivalentes a uma taxa de 73,9% para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2008, a taxa de Imperatriz caiu para 121, em 2009, o número de mortos diminuiu ainda mais para 78. Este ano, até o mês de Março foram registrados 14 homicídios. Para o comandante da Polícia Militar de Imperatriz, tenente-coronel Zanoni Porto, o índice de homicídios do município vem caindo nos últimos anos, proporcionalmente, em relação à capital.

Os fatos não mentem! Os jornais estão todos os dias noticiando as condutas ilícitas. Dos delitos mais hediondos aos menos graves, dos “mais comuns” aos mais inusitados. De tudo se vê e se ouve falar. Na mídia, não há espaço para nada além de prefeitos assassinados, crianças degoladas e uma série de peculiaridades que só nos grandes centros poderia se imaginar. Mas aqui o campo é vasto e o terreno é fértil! 

Ao menos é essa a construção da nossa realidade social. Esse é o único lado enfatizado. O modo pejorativo que nos concebemos a nós mesmos. Pra piorar, em grande parte, os crimes nunca são solucionados, contribuindo para a idéia de uma terra sem lei onde os velhos costumes políticos de governar ainda estão em vigor. Com o sistema judiciário amarrado, a ordem pública virou motivo de chacota no qual a policia é vista como uma das mais impunes e agressivas. Fora toda essa conjuntura envolvendo setores do poder público, ainda há os fatores socioeconômicos e a péssima qualidade de vida dos cidadãos de um dos estados mais pobres do Brasil; o que por si, já servem de motivos (mas não de justificativas) para as ações ilícitas. Tudo isso produz na consciência coletiva um pessimismo enraizado na autodegradação e submissão as culturas vindas de fora. Mas os meios de comunicação não mentem e nem se equivocam! Até mesmo quando eles desconhecem e ignoram a totalidade de uma cidade. De tão repetitivos, os equívocos acabam se tornando um molde do falso retrato da imagem difundida e imbricada na memória de um povo, a nortear os guias da auto-estima de uma sociedade que ainda tem muito de positivo para se mostrar.


Ricardo Magno

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