19 de julho de 2010

Na calada da noite

Se hoje à noite os anjos descessem do céu e quisessem me visitar, juro que não me importaria. Acalmar minha alma ao som de doces melodias na adorável companhia dos timbres celestiais.


Se somente hoje o exército de deus estivesse disposto a me visitar quebrando protocolos e rompendo com toda a burocracia, juro que não me importaria. No meio do marasmo ver feições meigas e estar diante delas onde ninguém mais poderia estar.


Se somente agora, neste exato momento enquanto ninguém nos pode ver, se dos céus a mim fosse enviado como que por segredo um de seus mensageiros, juro que não iria me incomodar. Um carinho sincero, um afago verdadeiro, não seria nada mau diante do desassossego da alma.


Mesmo que fosse somente a me empreitar, que não quisessem ou não achassem conveniente se revelarem, pois que esperassem que eu dormisse e então através de um sonho me visitassem, juro que nada disso poderia me causar mal. E acordar de manhã cedo com o quarto exalando o perfume angelical como se todos os jardins do Éden agora fizessem parte de minha casa.


E se por um brinde deus, ele ousasse me sortear, e lá do céu quisesse me dar um presente direcionando sua escada para minha morada no meio da madrugada, juro que não iria acreditar. E senti-lo em minha vida nos momentos mais vazios, tê-lo ao meu lado nas horas em que mais preciso, e saber que alguém ora por mim no meio das circunstâncias em que mais necessito.


E quem sabe se não é o vento que às vezes sopra meus cabelos juntos com os pêlos que por hora se arrepiam, não sejam apenas os sinais de uma visita inesperada, dando provas de que nunca estive só nos momentos em que mais precisei de alguém.


Ricardo Magno

0 Comentários: