7 de julho de 2010

Preamar

Às vezes sinto vontade de abrir uma veia e conquistar assim, para sempre, a tão sonhada liberdade. Seguir o exemplo de uma briosa espécie de cavalos que, perseguidos, têm o instinto de abrir um canal de sangue com os dentes para não rebentarem sufocados.


Se rolar assimetria, então não é a pessoa certa. Mas como nós nos entendemos perfeitamente; até certo ponto, vou arriscar a sorte. Pois quando nem todos os temores se tornam realidade, antecipar o sofrimento é quase sempre sofrer por nada enquanto pessoas unidas devem viver sincronizadas.


E se o corpo não andasse com a alma, e se a alma andasse fora do corpo, como seriam corpo e alma? É que todo encontro verdadeiro muda ambas as partes. E sem saber que há escolhas, toda mulher é solitária.


Se tu fosses eu, continuarias sendo tu; ou será que ainda não percebeu que não existe a hipótese da hipótese? Se o dinheiro é pouco, o emprego é uma merda. E mesmo que o dinheiro seja muito, continua sendo uma droga. Por que do marasmo?


Até gostaria de amá-la. Mas o que posso fazer se não tenho paixão pela considerada a maior das dádivas? Sou um suicida vivo, nasci morto. E quem sabe se eu não tivesse escrito isso se talvez não houvesse me matado. Nunca tive muitos amigos. Porém, sou uma pessoa de boas amizades.


Eu ficaria triste se ela estivesse triste. Mas como ela está bem e tudo ficou ótimo, este é o meu consolo. Porque de forma delimitada e territorializada, o ponto mais alto da maré pertence ao real e ao virtual e a seu campo de possibilidades.



Ricardo Magno

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