29 de dezembro de 2010

Qualquer Cidadezinha Qualquer




Que universo entediante! Mal acaba um livro, logo começa outro. Enquanto isso, rapazes marombados com o cérebro oito vezes menor do que a força de uma formiga se matam nas academias na espera de mais um carnaval. Pretexto para andar o ano inteiro de camiseta regata com um pit bull encoleirado. Equilibristas! Pêras invertidas! Ombros largos, braços de trator milagrosamente andando na corda bamba de canelas de sabiá. Pobres filhos da puta! Nunca leram a Lei do Uso e Desuso de Lamarck e, quanto a isso, permanecem diariamente atrofiando os seus músculos cerebrais.

Meninas jovens, porém moças já rotas. Na puberdade, elas passam o dia inteiro à toa assistindo sessão da tarde e sendo digeridas pela televisão no mesmo instante em que suas mentes precoces ficam ansiosamente tentadas a adivinhar qual rapaz irá lhes deflorar. E tudo isso ocorre enquanto elas assistem Malhação. Deve ser culpa dos raios catódicos. Um seriado Videodrome!

Homens fétidos cada dia mais gordos! Estupidez mórbida de quem deixou os sonhos passarem e agora vivem recônditos nas entranhas de um passado inexistente por entre casamentos falidos, empresas fudidas, famílias desestruturadas oriundas de uma vida muito pior do que qualquer uma daquelas fodas bêbadas de uma só noite em um motel barato de cinco reais. Meia luz nas preliminares, só se a televisão estiver ligada! E depois, para se lavar, um litro de quiboa vazio e cortado ao meio em um balde de lata amassado com os dentes. Filhos de sangue. Sanguessuga, sangue sugam!

Nada é mais deprimente do que o sonho pequeno-burguês suburbano de trabalhar ano após ano e se contentar no final dos doze meses em trocar um carro por outro semelhante, só que do modelo atual. Isto é jogada do mercado! Será que ninguém vê? Pois bem! Deixem como estar. Mantenham-se fazendo a barba e cortando bem curtinho os seus cabelos no estilo social a disfarçar o sotaque do centro-oeste até não conseguirem mais fingir aturar essas músicas idiotas para obter poucos segundos orgásticos de infeliz realização sexual. Que pesadelo maldito é a vida suburbana de um pequeno-burguês de bosta classe média! Um merda na água que é o centro da privada a confundi-la com o universo.

Fodam-se todos os pseudos! Pseudo bêbados, pseudo loucos, pseudo cornos e pseudo intelectuais! Quanto a estes, a bebedeira diária sem sentido já os mataram. Quanto mais fazem, pouca diferença eles causam. Já caíram no marasmo da cidadezinha qualquer. Como os outros, eles também não passam de meros estereótipos qualquer! Se irritam e discutem com deus como se assim fosse possível descobrir alguma solução. Antes mesmo de serem pegos pelo minotauro, eles se esticam e se batem como se assim fosse possível encontrar a verdadeira saída dessa placenta conformista. Mas o que realizam é a mesma coisa que Pinóquio fez ao tentar tornar Gepeto mais um de seus fantoches. A seu modo, alongam as pernas e dormem um longo sono embriagante nos pés dos pêlos de cada um de seus coelhos.

Grandes lojas e várias obras trazem consigo a promessa de tentarem romper com esse tédio. Enquanto isso, a bola sete deixou de entrar na caçapa por ter a mais de um mês rompido com a sua dieta. São pessoas de cor agora coloridas. Negros que se dizem homens com os cabelos alisados a fugirem de suas etnias. Mas o que é mesmo etnia hoje em dia? Quanto a isso, atravessa a rua a porra de um metal que só tomou ferro no cú com as mudanças do mercado de trabalho. Se alienou com a própria música e hoje em dia, ele mesmo encontra dificuldades para saber o que é que é rock dentre as várias denominações. Mas todo final de semana está no calipso para ver se come uma mulher com mais facilidade. E nem isso ele consegue, porque não existe mulher que curta mais o sexo do que as metaleiras. Por isso, geralmente elas optam em fuder com os caras “normais”. Cansadas de tanto blá, blá, blá, elas acabam pregando o coração no pára-lama de um caminhão e deixando ele seguir a sua rota.

Enquanto as recatadas já se prostituiam, quem foi que nunca ouviu falar da história da garota mais vadia da escola que ainda era virgem? O parente que ficou melhor de vida e somente agora criou coragem para participar das reuniões de família? É! Ao olhar por entre bananeiras, ao escutar por entre janelas, hoje em dia, Drummond teria uma bela dor nas costas.


Ricardo Magno


27 de dezembro de 2010

Don Giovanni: O Convidado de Pedra




Em uma Babilônia de outras épocas, ao amanhecer de uma libido descontrolada, descendo pela praça de Fátima, no pênis, cavalos fazem malabares com os cús dos donos de suas carroças. A essa altura, moças de família somente agora estão retornando para casa todas extasiadas em uma espécie de jubilo, estado de espírito transcendental, após uma noitada de muito sexo desregrado. Ao abrir a porte, cada pai olha para a sua donzela e agradece a deus por ter trazido sãs e salvas os seus anjinhos domésticos.

Por entre paredes, ao cruzar o céu da Coriolano Milhomem, as mais ditas damas e senhoras da sociedade, em um ato solitário de estrangulamento desesperado de companhia e saciedade, secretamente, continuam a estrupar os seus cachorros poodles. Elas passam pasta de amendoim na vagina enquanto eles, inocentemente, lhes fazem um carinho oral intimo. Assim é que animais de estimação fazem filmes pornôs com as suas donas.

Em mais um conflito trabalhista, mordomos avantajados e maltratados com feições de serventes e mãos calejadas mantêm suas varas enfiadas nas bucetas de coroas abastadas que tanto o enojavam. Nos asilos de velhos doidos nas margens da Babaçulândia, as netinhas empinam a bunda para chuparem na mamadeira de seus avôs enquanto as vovós, através da imitação de uma linguagem de criança, tentam ludibriar os seus netinhos para que eles as comam pelo ânus.

Da janela do quarto que dá para os fundos, na Casa de Senzala, uma secretária do lar observa tudo no momento em que está a se depilar porque o filho adolescente do patrão já lhe deu um sub-aviso para esta noite. E, ontem foi a vez do dono da casa fazê-la gozar chorando ajoelhada diante do leite de homem derramado que enlambuza a sua cara feminina religiosamente todas as sextas-feiras.

Por pura curiosidade sexual da puberdade, jovens mocinhas sofrendo de efervescência vaginal observam os seus titios se masturbarem no banho enquanto ensaboam a tromba de elefante que cada homem carrega no meio das pernas. Agora, com suas varas de mijar enrijecidas, titios ensinam as sobrinhas a lavar os carros na tarde entediante de um domingo qualquer. E sem pasta de dente, as dentistas acabaram desenvolvendo uma nova técnica de escovar os dentes com picas. Em um falso Complexo de Édipo, padrastos comem suas enteadas e enteados transam com suas madrastas. Quando pensam uns nos outros, fora a biologia, irmãos e irmãs estimulam as suas zonas erógenas.

O trombadinha de 17 anos que já já vai roubar o cordão de ouro daquela patricinha dos Três Poderes queria mesmo era meter a rola pobre e tanto masturbada de jovem classe baixa, bêbado e drogado do Bairro da Caema naquele priquitinho branco e cheiroso com pêlos pubianos tão macios quanto um travesseiro de pena de avestruz; porque somente assim ele poderia fazer jus as injustiças sociais.

No ato do seu nascimento, babás são molestadas por bebês recém-nascidos. Médicos participam de orgias com suas pacientes nos leitos dos ambulatórios. E enfermeiras tiram as calcinhas para homens enfermos. Professoras realizam prova oral com mais de um aluno e alunas praticam estudos grupais com mais de um professor. De outro modo, a direção da escola não se responsabiliza por nenhum dos atos.

Mudando de ares e indo para o interior, adolescentes se esquentam com o pau atolado em galinhas enquanto a cada experiência uma ave morre. Mulheres grávidas excitam macacos-prego nos quintais de suas casas e os adultos se satisfazem comendo jumentas que sempre seguem o mesmo rastro. E já que ainda não terminou, mas já está começado, é somente assim que a sociedade consegue demonstrar falhas na organização de suas camadas.


Ricardo Magno



21 de dezembro de 2010

Devaneios e divagações




Desde cedo eu me perdi na barriga de minha mãe. E foi no meio da eterna escuridão que descobri dois reinos e um rei, tão longa é a jornada, disso eu sei!

Os escritos transcendem ambos os lados. E somente assim eu consigo descrever sensações e emoções a tal ponto que aqueles que não me lêem, mesmo vivendo ao meu lado, nunca conseguiriam verdadeiramente me conhecer. Porque quando escrevo, sou de todas as almas. Quando escrevo, obtenho todas as almas.

São nessas horas que meu coração mais produz abalos sísmicos do que sístoles e diástoles. Por isso uma perissístole seria fatal. Descansar jamais! Que morram de inveja e fiquem loucas todas as previsões meteorológicas.

São das movimentações das cavidades cardíacas que se originam os maremotos de emoções. Mais triste do que a tristeza, só a própria tristeza. Mas é apenas quando o inferno e o paraíso se tornam os outros que nunca serão infelizes aqueles que, por outro lado, nunca souberem o que é a felicidade.

Por pura incompetência de um predador que não aprendeu a caçar, assim segui o afã de ser o idiota que não as teve. Por pura falta de frieza e calculismo, por puro excesso de escrúpulos, hoje, me ardo todo em desejos.

Igual a um equilibrista, temos que nos esforçar para não deixarmos a bandeja cair enquanto o poder é a melhor coisa do mundo, não para mandar, e sim para não obedecer.

A razão e a verdade se entrelaçam e se emaranham nas teias da lógica fazendo uma da outra o nada e de cada nada tudo, à medida que os homens se acham e vão ficando mais confusos.



Ricardo Magno

O Evangelho Segundo a Revolução dos Bichos





É Natal! E muitos cordeiros são sacrificados porque a Bíblia esqueceu de fazer um versículo dedicado aos animais. Logo o livro sagrado cometeu um erro tão grave!?! Acho que não. Isso deve ser falha humana na hora de realizar a impressão. Tanto faz! Estou me formando é em jornalismo e não em advocacia. Nunca poderia ser eu o escolhido para advogar por deus, pelos homens e muito menos para o diabo. Embora, sem querer, para este último, de vez em quando, o faça.

O que faz mesmo é um calor do caralho enquanto na praça de Fátima, em mais um ano, pensando somente no bem da população menos abastada, a caridosa Câmara de Dirigentes Lojistas de Imperatriz faz mais uma programação especial natalina, para a sorte da população. E lá estão muitos abestados que mal entendem o sentido da data levando seus filhos para sentar no colo de um Papai Noel que muito bem poderia ter nascido pedófilo. Porque, na década de 60, o município mais parecia um faroeste. E eu duvido se nessa época Os Trapalhões teriam coragem de gravar, si quer um tape, na Serra Pelada. O Chico Anísio só tirou onda porque era com a bicha do Pergentino Holanda. Pois, se fosse com alguém aqui do Sul, tenho certeza que ele baixaria as calças. Mas esqueçam estes comentários! Não quero difundir esteriotipos. E nem vamos imaginar o que seria de nosso Natal se a CDL não fizesse nada. Glória, aleluia e amém!

Como já dizia o marketing: assim são as coisas enquanto a vontade de satisfação do desejo sempre se sobrepor ao da necessidade. Então, como eu não tenho um carro, vou dar uma volta com a minha geladeira Frost Free pela Beira Rio, já que ela é uma das melhores do mercado. Fazer o que se também não consigo me libertar destas malditas regras. O mínimo que posso fazer é tentar ser sincero.

Ricardo Magno

Rito de passagem




 ... Um rito de passagem. Simbologia que significa a união sagrada dos corpos. Rompimento com o meu e surgimento do nosso na união de uma só carne.

Muitos o festejam de forma suntuosa como se o próprio ato litúrgico, de culto religioso, significasse em si a vitória sobre todas as dificuldades. Mas na realidade não é assim. Os eventos que se sucedem são mais importantes do que qualquer marco de simbolismo.

É como se no momento áureo todos nós partíssemos para a luta contínua. Mas agora, com a obrigação de fazer crescer o amor eterno. E não se trata de uma obrigação escrava, como querem os contemporâneos incautos. É apenas uma dedicação libertária, a paixão dos poetas e o maior de todos os alicerces da fé, independente de qual seja o crédulo.

É dever tentar aprender o significado e não apenas a utilidade para que ambos assimilem os resultados. E num processo permanente poder superar os males inegáveis no homem, ao fazer de imperativo e constante em vossas vidas os principais resquícios primitivos da fraternidade em meio aos ciclos de aproximação compreensiva.

Que o frio nos aqueça mutuamente. Que o calor e as lutas cotidianas não sejam motivos de distanciamento. Que o amor seja a semente de uma árvore frutuosa perene a dar frutos neste longo e feliz breve abraço do belo romance que chamamos de vida.      


  Narcísio e Ricardo Magno                                                                                                               

Getsêmani



Seu suor se tornou como gotas de sangue que caíam no chão. Sua angustia era intensa. Ao sair de casa, naquela noite, sentiu uma sensação estranha, algo como iminência de caos. Seu corpo agora trazia marcas. Talvez um cigarro acalmasse.

Até aquele momento levava uma vida normal, embora discordasse da maioria no que diz respeito ao conceito de felicidade. Enquanto havia tomates podres nas calçadas, desceu a Bernardo Sayão a pé. Um flash do passado não lhe fugia da memória.

Caiu pela rua Ceará. No sentido inverso e na velocidade de uma luz, os faróis dos carros dificultavam a visão no embate com o estigmatismo. Como todo ser apático, permutava os passos ao examinar com um ar de inédito o trajeto que fazia todos os dias, e foi quando aquela sensação lhe tomou de assalto. Era o caminho de sempre e, de repente, sentiu seu coração ser furtado por palpitações e pontadas preocupantes. As mãos soltas e desprotegidas pela epiderme em um suor frio de gravidade agora acompanhados pelo instinto de autopreservação, mais pareciam um termino, ultimato daquele instante.

Olhou ao fundo uma rua que parecia, pela última vez, chamar o seu nome. Olhou para a menina que passado do seu lado como se ela fosse ou um dia ainda podesse vir a ser a mulher de seus sonhos. Mas, as possibilidades de chegar à qualquer lugar logo se dissiparam. A impossibilidade de não chegar, o tomará de conta. Deu meia volta e foi procurar um porto seguro, como se lhe restasse algo. O seio de qualquer mulher que fosse capaz de lhe lembrar da maternidade.

Uma senhora que estava ocupada com algo, se assustou e veio ao seu encontro. Sem saber ao certo o que acontecia, era como se algo o estourasse. Ela tentou consolar, mas o estado era inconsolável. As sucessivas circunstâncias havia lhe imposto marcas. A vida moderna é assim: Fábrica de loucos.

Quando ele dormiu, o pesadelo já havia passado... Até que retornasse em outro sono como um sonho novo e renovado.

Ricardo Magno

O Invasor





Com a cabeça do pênis invado o céu macio de tua boca enquanto tu me fazes delirar babando na cabeça toda.

Semelhante a uma bola de bilhar, minha glande comprime tua boca. Agora, com a língua sem poder gesticular, ela acaba se tornando o tapete vermelho de minha rola.

Assim que começas a salivar, percebo o afã que tu tens em degustar uma pica. E o meu sabor começa a se misturar com as babas que escorrer de tua boca. Mas é quando as sucções começam a aumentar que fica quase impossível te reconhecer de outra forma que não seja a de uma bezerra desmamada doida.

Como a boa fazendeira que tu és, ansiosa para me fazer gozar, continua ordenhando meu pau em tuas gengivas; fazendo assim, o milk shake escorrer pela taça a medida em que os testículos se centrifugam.

O teu instinto primitivo esboça se manifestar com a chegada iminente de matar a sede. Mas é no meu instante de maior latência que tu insistes com as caricias. E é sem não deixar nenhuma gota estragar que reconheço em ti a melhor de todas. Porque, antes mesmo dele amolecer a tiro totalmente limpo de tua boca. Após tanto prazer, ainda tens o descaramento de me perguntar se não sobrou mais alguma gota. E por isso vives a exclamar: “Ah! Nunca vi piroca tão boa!”



Ricardo Magno

13 de dezembro de 2010

Amigo



A vida é peregrinar por vales e caminhos rijos em um ciclo ininterrupto comparado com as estações do ano. Dentro deste contexto, escrevo-lhe diante de uma nova situação da minha vida, vazia daquela fé, outrora, esfuziante. Não que eu a tenha perdido, mas a minha busca por alimento sólido me fez entrar em conflito com o discurso religioso.

Continuo receptivo com o que acredito ser de Deus... Numa busca, agora, mais ou menos “desconfiada”, como se algum sentimento farisaico tivesse tirado de mim a pureza do coração. Logo essa “força” que acredito ser a maior virtude do ser humano. Pois, somente quem a possui será capaz de realizar obras.

O que estou te expondo, na verdade, é só um desejo de rasgar a alma e quebrar com a espiral do silêncio, esse mecanismo psicológico que nos faz aceitar as mais vis das convenções. É que igual ao apostolo Paulo, eu também rogo para seja retirado de mim este espinho da carne, o mensageiro do inferno que todos os dias vem me esbofetear. No entanto, já que a dor nos diferencia, creio que esta fraqueza vem me aperfeiçoando.

 A academia é apenas um contexto onde é inevitável o confronto com tais filosofias seculares, como foi denunciado por ti, pregam o princípio da incerteza. Sem saberem, eles acabam se tornando “cegos a guiarem outros cegos”. Mas, como é de minha subjetividade o questionamento, tento sublimá-los para contemplar a excelência do alicerce, “escândalo para os intelectuais, blasfêmia para os politizados, e poder de criação para os que crêem”.

 Que contradição! Há pouco eu havia dito que estava vazio, mas agora falo com entusiasmo! Até parece que neste momento, enquanto escrevo, recebo do espírito, um sopro de avivamento. Portanto, desde já desejo sim! Recomeçar a vida no espírito, longe de muitas perturbações terrenas, semelhante a uma criança na fé desejando “o leite genuíno”. Velho amigo! Ao deixarmos de lado as questões existências, quero que saibas o quanto estou feliz por ti, e pela comprovação de que a semente é uma árvore em potencial. Agradeço pelas orações. Pois aqui, apesar das intempéries do dia a dia, a família, as relações e a faculdade, seguem o seu curso normalmente.








Narcísio e Ricardo Magno



Velha Vadia






Terra onde não há flores, terra que se chora. Lugar fétido e crônico com raízes e espíritos profundos é esta que ao crepitar anseia por uma vontade de ter pensamentos. Mas pensar provoca um cansaço no corpo e isto dá sono.

Um beijo entre tantos, um sorriso entre poucos, quem sabe o que é ser um ser humano? Chorar, rir ou não chorar. Quem não sabe? É no aroma de uma velha vadia que sinto meu espírito encher-se de insensatez e satisfação. E isto é sempre um alvorecer de um novo dia, um equilíbrio de sonolência, imperativo de mudança.
                           
Senhora de braços longos, longos de desejos e devassidão. Braços de trilhos e de vazios vagões lotados de escravas almas perdidas cheias de fome. De tão vis e imundos, não se sabe nem o começa e o fim dos seios e da barriga. Local onde reina a sabedoria divina e o imoral fracasso do desejo humano amaldiçoado por um amaldiçoado humano, que sempre se reclina em mamas caídas e enrugadas, no qual há sempre um chamado apelativo nos convidando para extrair aromas de uma mortalidade luxuriosa, entre gargalhadas e muitos choros à pratos cheios de liberdade espiritual. Corpos opacos e ocos em uma tristeza embriagante ao iluminar a clarificação dos caminhos da interioridade, antes perdidos, mas agora sempre prontos a dar mais um passo na marcha da ninfomania.
            
Na frente da grande estrela, a parte frontal é um desvario de sacanagem carnuda acima de ambas as coxas, local selvagem, morada dos deuses, no qual muitos já caíram ao tornarem-se mortais, e mortais que viraram deuses.

Um longo beijo tu tens, mulher da carne fria! O teu abraço gélido e mortal já não causa dor, pois morto sou agora dentro deste teu macio cemitério de cristal! Andar entre os mortos e navegar por rios de libertinagem é minha causa! Resgatar defuntos, abrir os crânios de zumbis entre as loucuras de um prazer que tu constantemente me fazes. E por mais efêmero que ele seja, senhora! Não desistirei! És o meu grande mito!

De onde eu vim e por onde devo sair?  Nascituro que sou! Um propósito preciso para uma urna de verossimilhança da vida e da violação! Eu próprio! O coveiro de meu túmulo, as cinzas de minha caveira, cavarei minha tumba e me sepultarei aqui neste lugar, no meio do gueto das ancas de tuas coxas gêmeas, trêmulas e moles.





   Ricardo Magno e Ezequiel Magrini                                 
                              

8 de dezembro de 2010

Os Filhos de Noé




As coisas são tão massificadas que a primeira vez que eu for ao Rio nem será mais a primeira vez. É que de tanto eu assistir aos domingos os jogos do Mengão no Maraca é como se eu já estivesse ido lá. E a impressão é tão viva que ao termino da partida, quando observo a rua da porta de minha casa é como se eu enxergasse as pessoas saindo do Estádio e retornando para suas moradias.

Igual a um osso de cachorro interrado, o que é feito aqui fica para sempre no quintal da própria casa. Seleciona-se putas não apenas pela qualidade dos serviços prestados, mas também pela relação custo-benefício entre as habilidades e o preço cobrado. Ai está decifrado o coeficiente do prazer capitalista.

Se eu posso ir ao supermercado e comprar uma comida de microondas, então porque também não posso ir ao Sex Shop e adotar uma garota inflável? Que mal poderia a ver nisso se meu cachorro adorar fazer sexo com um pato de borracha? Mas todo corpo que é conservado em álcool acaba sendo levado para o IML.

A televisão pode até ser uma fábrica de sonhos (falsos). Mas quando as coisas saem erradas e a gente comprova que o Papai Noel não existe, é sempre muito engraçado. Porque a vida é foda demais! Depois de um segundo após sentir o que sentimos, não se sente mais nada.

Com o sorriso de um velho bobo a estampar a alegria de uma criança mimada, ao invés das pessoas me provarem o contrário, elas insistem em reafirmar o velho. É que, quando às vezes eu acerto o sentimento na data errada é porque um texto sempre vale para mais de uma pessoa, na hora certa!

Quando o corpo está em movimento, pouco a pouco vai se condensando o calor em água. Não se sente bem ao certo a dor, quase não se sente nada. E das lindas mulheres recauchutadas pela bebida, nicotina e os quase cinco graus de miopia; resta a mim, apenas mirar na beleza microscópica diante dos olhos escondida na ponta do nariz, e semelhante a observar pontinhos cegos na parede, logo surge a grande miragem.

Mente quem diz que deus descansou no sétimo dia. É mentira! Ele descansava a cada sete horas. Somente assim ele foi capaz de nos fazer a imagem e semelhança de nossos bens materiais. É que comigo, a psicologia inversa sempre saiu pelo averso e todo mundo se transforma no que tem.

Por culpa de um filho da puta chamada Gregório, que em 15 de outubro de 1582 passou a perna em outro filho de uma égua cujo nome o intitulavam de Juliano, neste Natal e Final de Ano, não teremos feriado. Vão cair em um sááábado! Meeerda!

Pouco me importa os diplomas e certificados! As pessoas nos julgam por isso, mas o veredicto geralmente é inválido. Qual seria o interesse de um filho ao ver a mãe pelada a não ser o desejo angustiante de que o médico lhe arranque logo daquelas entranhas? Qual seria a expressão de uma filha ao pegar o pai se arrumando a não ser outras palavras que não fossem estas: “Tome vergonha”! Não sendo na Casa dos Budas Ditosos, ao menos assim seguem as coisas.

Mas, se eu realmente quiser falar com deus, apenas ligo do meu celular. Porém, calma! Eu sempre soube disso. Um dia iria acontecer a reviravolta em minha vida. E, ao seguir no mais tranqüilo e agradável falso celibato onde quase todo padre jaz, nunca consegui me reconhecer no rosto de outra pessoa, pois lá, eu sempre vi uma imagem disforme. Venho sucumbindo a vida inteira para não sucumbir neste momento. Mas, lamento por minha alma gêmea. A deixarei só.



Ricardo Magno


7 de dezembro de 2010

O Vadio Bon Vivant: Histórias de Garrafas





É nas cordas de um berimbau que se faz o compasso. Os tambores de crioulas oriundos das escadarias da cidade velha, ditam as regras. Com o sol quase raiando, a lua se entristece. Essa é a música, canção da esbórnia! Veneno de bêbado e doido a ressuscitar o coração de defunto. Pois o verdadeiro bebum é aquele que nunca se sacia com água.

A ênfase em líquidos muito puros sempre deixou Don Birnam irritado. A dar pela máquina de escrever em todos os bares que passava, eram reconhecidos os irmãos Birnam como o enfermeiro e o outro, o inválido. Cantava uma chuva forte acompanhada de relâmpagos e trovões no dia do Yom Kippur. Mas ele estava bem. Pela segunda vez seus verdadeiros amigos lhe acompanhavam. Não aqueles que o destino se encarrega. Mas, sim estes das válvulas de escape. Os vagabundos, ladrões, maconheiros e estelionatários!

O que faz a bebida com Don Birnam? Ela estraga os fígados e os rins. Mas com a mente, ela solta os sacos de areia para que o balão possa voar mais alto, e de repente, se encontrar confiante, altivamente seguro de si, até mesmo acima do normal a andar por uma corda sobre as cataratas do Niagra ou mesmo um Michelangelo a esculpir a barba de Moisés, como Van Gogh o faria ao pintar a própria luz solar.

Agora, por entre o doce e inebriante momento de exaltação psicológica, em que a alma, intuindo a proximidade de algum acontecimento promissor, regozija-se ao desfrutá-la por antecipado, Don se sentia um dos grandes! Pois um alcoólatra, de verdade! Sempre quer ficar a sós com a sua garrafa.

“A bebida à noite é apenas um aperitivo. De manhã é um remédio.”

Com o pouco que ganhava ainda conseguia dever a deus e o mundo. Com a merreca que recebia, ainda fazia a proeza de encher a cara todo final de semana. É o milagre da multiplicação do álcool! No entanto, aqui estava ele, no fundo do poço, morto de bêbado, atolado em merda até o pescoço, mas sem nenhum pingo de vontade de beber um copo de água.

Essa loucura toda começou há pouco mais de um mês, quando os mortos ressuscitaram dentro dele. Já fazia um tempinho que ele sentia umas pinicadas esquisitas, e chegou a pensar consigo mesmo: “Estou ferrado!” Só poderia ser a saúde mandando a conta das farras de cachaça desregrada, das noites na orgia. Pois ele tinha um pouco mais de 25 anos e ainda dava muito no couro, pois não tinha partido.

Como em todos os anos, os seus camaradas de bar e vadiagem gastaram o que tinham e o que não tinham para fazer uma surpresa. Mas quando chegou a hora que Birnam pensou que não teria mais jeito, bateu uma melancolia desgraçada e ele se perguntou: “Por que eu? Por que logo agora? O céu deve ser chato pra cacete! O inferno, se tivesse mulher e bebida, não tinha a fama que tem.”

Desde quando caiu na malandragem nunca mais olhou as horas. Freqüentava lugares em meio a safados, trambiqueiros, drogados e alcoólatras de calçadas. E mesmo quem acredita que não acredita em nada, há de admitir que a vida manda os seus sinais. Basta ficar de olhos abertos e ser maluco o suficiente para entender.

“Primeiro a obrigação! Depois a putaria.”

Muitas gandaias em ruas desertas, madrugadas a fora. Cada qual que cuide do seu enterro. O impossível não há. Quando não se sabe para onde vai, logo há de se chegar lá. Pois a vida, observada por esse viés, é boa demais para ser desperdiçadas em apenas uma noite de farra. Mas, por todas as noites seria válido. Beber uma ou até mesmo duas vezes por semana, diriam os rotos: “Até que vai.” Mas beber todos os dias, diriam outros: “É bom demaaais!” Os seus melhores amigos foi ele mesmo quem se encarregou de fazer quando lhe disseram os demais: “Estes? Vieram da escória!” Os engomadinhos, deus o obrigou a aturar. Saco! Um rei torto diante da sua corte de miseráveis.

Nesta vida dissimulada por um sadio desejo de improbidade no exercício da profissão junto do nobre anseio de cultivar de algum modo o seu espírito, eram propósitos tão louváveis para a mente de um cachaceiro à reunir tantas condições excepcionais, que, com certeza seria muito difícil de se encontrar em um outro homem de nossos tempos.

Para Don, não sendo o fato de estar vivo, não haveria outra vantagem alguma além desta, que é viver. Pois, quando viver não valesse mais a pena, a vida só terá sentido em uma simples, medíocre e mortal efemeridade. E o que mais poderia ser dito depois de já ter sido escrito tanta coisa? Mas este é o melhor das palavras. Ela gasta o homem, mas não se desgasta.

Após dois copos cheios até a borda de cachaça misturada, lhe inspiravam suas inclinações, embora um tanto superficiais, a dar-lhe a certeza de como era forte o receio dos homens quando se tratava das virtudes do ser oposto do belo sexo. Mas antes de encontrar um ideal que o satisfaça, ainda há de cair muitas folhas de calendário.

Sem moralizar demais da conta, na rebelião oculta, assim Birnam pensava e se orientava, por um caminho que ele via como obrigatória para a juventude, o de seguir afundo a procurar as expansões que atendam as suas necessidades. E com entusiasmo ele afirmava: “Para que estão ai os cabarés e as boates, senão para a expansão dos jovens? E é justamente a falta de experiência que impede que a gente se previna contra eles.” Mas é claro que o homem sai ileso das tantas aventuras desse tipo que aparecem para ele. Do contrário, não as mulheres.

Sem jeito, ele acabou dando um jeito no produto de uma fantasia deixada a mercê do capricho humano, depois de levar anos em uma existência demente e honesta. Pois, quem tem amor não precisa de deus. E cada um que o interprete como lhe melhor convier. É que, a um foi apenas destinado escrever as palavras, relatar os fatos; sendo que, aos outros, definirem os seus significados.

Ao pensar no futuro incerto de sua vida, da qual ele nada esperava, e com medo de que seus melhores anos se passassem sem outras perspectivas além de contemplar as mesmas caras e escutar as mesmas coisas, resolveu mudar os seus costumes. Cedendo aos ardores do sangue, intensificou as freqüências em botecos e resenhas, e assim foi como ele reapareceu um dia, inexplicavelmente alterado.

Agora, um celulóide humano no qual ele parecia estar vestido, eram estas eternas Messalinas pretendendo convencê-lo de que a única coisa que vale na vida é o prazer, a diversão e a embriaguez. O que é bem verdade!

Esse, tão considerado desalinho psicológico em quantos seres subsiste para revestir-lhes de suas escamas e anêmicas idéias, não tendo outra roupa que não seja aquela com o ponto monótono e indefinido da mediocridade. Isso, além de outras coisas de pouquíssimo valor, naturalmente.

Dentro de um tema para a letra de um tango, o “Inválido” questionou: “Qual das duas partes é mais numerosa do que a outra nesse quesito da má qualidade?” Mas o certo é que, na vida, gostando ou não, as pessoas devem suportar as leviandades de parte a parte com os seus amigos inseparáveis.

Através de um bom enfoque daqueles ambientes oriundos dos caminhos incertos da perdição, o juízo parecia ter amadurecido na consciência inebriante de um homem insano, que em singulares conhecimentos o chegam a impressionar vivamente, a ponto de, dali em diante Birnam considerar qualquer mera amizade como um precioso achado. E, em decorrência disso, publicar muitas obras. Assim a vida sempre deve ser vivida. Do jeito que cada um entende.

Se é mesmo a mulher quem guia o homem no caminho que ele, irrevogavelmente, a segue, tudo o que ainda se tem que fazer é porque não será feito. Do contrário, já o teria... E é justamente desta forma que Don Birnam quer partir: em mais um final de semana perdido a dançar no meio da putaria. Enquanto isso, na Selva de Pedra, fica imaginando quantos há como ele: pobres amaldiçoados queimando de sede, figuras cômicas para o resto do mundo enquanto rastejam cegamente para outro copo, outra noite, outra farra.




Ricardo Magno




6 de dezembro de 2010

Águia




Recuperou o corpo, mas o coração ainda não foi regenerado. Desperto ao amanhecer, pôde compreender que tudo não passava de um sonho. Ao deixar nascer o sol dentro de si, conseguiu se libertar para o chamado do infinito. Enquanto os cientistas compartimentaram e isolaram tudo, a teia de relações complexas ainda não foi desmembrada.

Quem é filho do sol, desde pequeno, aprende a sorvê-lo pelos olhos. Na direção da luz, aprende a acostumá-los com o resplendor solar. Do amarelo brilhante ao alaranjado forte, os tem nas cores típicas da natureza; e somente mais tarde em busca de presas, possuídos pelo castanho, assumem a cor da terra.

Numa manhã esplêndida, devolver a identidade perdida e reanimar o coração adormecido. Assim confirma a ponderação. Mas quando o sol despontar fagueiro por detrás da noite com seus raios doces e a natureza ressuscitar cansada do langor dos dias, as montanhas serão suas únicas companhias.

Amigo dos Alpes e filho do sol. Em contanto com o infinito, anima o coração e volta para si depois de um longo sono. O último impulso é sempre pela vida. Então, supera o medo, abra suas asas potentes e voa para o alto, pois para morrer, não precisamos ser impulsionados.

Segurado por um bom espaço de tempo na direção dos raios, seus olhos se iluminaram e encheram do brilho juvenil de um alaranjado forte. Com o calor irrompendo de dentro da alma, agora ele pode renascer da morte. Pertencente ao céu e não a terra, se mostra como é de fato: Abre os olhos e bebe o sol nascente. Soberbo sobre o próprio corpo, ergue-se sobre si mesmo. Medi a imensidão do horizonte e voa na direção das nuvens até se fazer único com o azul do firmamento. Águia! Voe e nunca mais volte.


Ricardo Magno

2 de dezembro de 2010

Griselda




Após as jornadas de lutas em torno dos muros de uma tal de Tróia, a lembrar os personagens da Ilíada em um novo incentivo para a expansão, cumprimentou como se fosse um menino que imita os heróis fazendo alarde de seu triunfo: “Veni, vidi, vinci”.

Pontualmente tal como exige um coração amante, próximos de nós nunca seremos unânimes. Na cadeira de balanço da mente de um homem insano, na eterna luta da consciência contra o império da morte, onde nada mais é possível de ser escrito em palavras, pode habitar o mais cruel dos bons vivants.

A partir dali, empunham-se as agulhas mentais a tecer em profusa variedade de pontos as vestes mais seletas e celestes que almeja no futuro trajar um homem. Mas, estando em cacos os pedaços da alma, se faria melhor trocar o corpo por outro amo.

Entre as árvores frondosas, a silhueta de uma donzela, cujo, a fiel partícula da consciência que jamais abandona a vida mesmo enquanto ela está permanentemente sob os efeitos do sono, reconheceu o espírito que vagava por detrás dos olhos daquele anjo.

Semidesfalecidos estão ágeis corcéis a puxar uma carruagem robusta que parece deslizar ao rés do chão impelido pelo vento. E não conseguindo afastá-la da mente por meio de conjecturas infrutíferas, ele é rendido pelo sono dormindo até bem tarde manhã adentro. Tomado pela inquietude, sua figura o subjugava. Vivamente impressionado, um ruído de persianas desvaneceu a visão dormente, de tão ávido que haviam ficados gravados em sua retina mental as recordações ainda nítidas de um passado morto.

Não lhe produzindo mais estranheza alguma, uma deliciosa placidez o envolvia ao participar da cena em que ele era o protagonista de uma luxuosa mansão que agora lhe servia de cômodo. Escondido atrás de cento e quarenta caracteres em uma cidade de merda, sem sentir a menor falta do que nunca teve a vomitar tudo o que sabia pelo intermédio de palavras.

Com a impossibilidade de fazer planos para o futuro, pois não tinha a sapiência do que estava vindo a se tornar, tudo estava fudido, vivo ou morto, saudáveis ou não, enquanto, por dentro, tudo se perdia em voltas em um labirinto descendente na forma de espiral. Aqui fora, qualquer linha, sinal de fumaça, era capaz de confundir tudo e se tornar a queda.

Mas, de tanto se escrever vai se dissipando o homem. Pois, o sentimento e os desejos da carne vão desgastando as necessidades com o tempo. Estando no meio de tantos parâmetros, o difícil é encontrar alguém inquestionável que tanto o mereça. E sempre que duas coisas acontecem ao mesmo tempo, somente um lado pode ver enquanto o outro é totalmente indiferente. Sem nenhum Phd ele vai fingindo saudade, fingindo sofrer por ter descoberto que as coisas justas da vida não se pagam com dinheiro. Porque abaixo da pele se encontra uma felicidade subcutânea.

Depois daquele transporte psicológico acontecido nas fronteiras da consciência, ele começou a experimentar os sintomas precursores da puberdade espiritual, e sentiu-se pesaroso ante a possibilidade de futuras oscilações em seus pensamentos. Agora, robustecido pela mão do tempo, os caracteres definidos de sua constituição moral e psicológica estavam delimitadamente prontos.

Talvez, pelo fato dos pensamentos aparecem anelos desmedidos, ilusões e temores se misturam com freqüência. Mas, ao desvanecer o temor das dramáticas mudanças que costumam obscurecer o céu da vida conjugal, logo se chega à dedução de que quando as almas conseguem sobrepor-se à fascinação dos sentidos, atraídas pelas afinidades espirituais, a compreensão das respectivas aspirações se ampliam e é permitido lavrar a mútua felicidade não estando mais à mercê de tais flutuações.




Ricardo Magno