7 de julho de 2010

Hipotiposes

Enquanto não for feito à alquimia de transformar os dons e as raras habilidades em dinheiro, ou melhor, no meu caso, em mercadorias comercializadas, aos olhos das demais pessoas é como se o que eu fizesse não fosse feito nada e não valesse absolutamente nada.


Sendo que Baudelaire provou isso amargamente na pele, o que depois de muitos anos, sabiamente Walter Benjamin tratou de nos explicar. É quando a obra de arte, a obra e a arte, obrar e fazer arte habitam o mesmo espaço e começam a se enroscarem.

É possível e inacreditável se repararmos bem em nós e nas coisas como todos os tempos podem coabitar no mesmo lugar. Baseado nisso, foi para os ares todas as lei que reafirmam a impossibilidade de dois corpos tomarem o mesmo lugar.

Independente dos referenciais, algo pode estar parado e ao mesmo tempo em movimento. É pura imagética misturado à dialética da imobilidade, onde descobrimos que temos muito que aprender mesmo quando achamos que as coisas já não podem nos dizer mais nada.

Enquanto, por horas, Imperatriz tem a rara habilidade de me fazer se sentir um ridículo, as galerias de Paris me parecem um belo ambiente, saudável e limpo, chegando quase a roubar toda a afetividade que deixei guardado para o local que mais amo.

Mesmo sem notarem, já perdi alguns amigos por causa da porra da grana! E não acho que seja tão racional nutrir afinidades somente com as pessoas que podem pagar os mesmos restaurantes, e o mundo não deve se sentir insultado só porque falo isso ao me sentir de certa forma lesado, embora saiba que as pessoas fingem se revoltarem contra o que está errado para na verdade se indignarem contra tudo que não as favorecem.

Mas o meu caso é diferente, minhas indignações vêm de outros lares, lugares longínquos em espaços distantes, pois o que vejo é que de tanto se usar a racionalidade, a razão instrumental ficou atrofiada, fazendo de reles mortais abastados, seres auráticos.


Nunca um cálculo de eficácia em relação aos meios pode ser completamente exato, nunca! Como também não seria sempre conveniente dizer que agir racionalmente é diariamente se manifestar através de atos que sempre nos tragam créditos. Quem pensa assim é tão imbecil quanto os sublinhados vermelhos do caralho!

Ricardo Magno

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