19 de julho de 2010

Panacéia

Muitas mortes seriam evitadas se os suicidas tivessem sido compreendidos nem que fosse por um só segundo. Isso é o que dá se prender dentro do próprio mundo, bater o martelo acerca dos fatos e criar verdades somente para si. O que é grave aos olhos pode ser insignificante para o mundo, e em apenas uma boa conversa pode se encontrar o remédio para os males de tudo.


Em toda situação de abandono está presente uma tentação e uma chance. A tentação consiste nisto: a pessoa não enfrenta o desamparo e culpa sempre os pais, os irmãos e os outros por seus fracassos enquanto fica esperando a solução vinda da política, do Estado, da loteria e de Deus. Essa atitude esconde a omissão, a falta de iniciativa e a fuga da responsabilidade.


Mas há a chance da pessoa aceitar o desafio do desamparo e de crescer com ele. Começar a “desdramatizá-lo”, pois ele pertence à finitude da vida humana. Impotentes sem nos dar-mos a nós mesmos a existência, vivemos uma pobreza essencial. Dependemos objetivamente dos outros, e esta situação não nos humilha porque caracteriza todos os seres do universo, que envolvidos numa teia de inter-retro-relações, devem assumir essa doce amargura.


Num conjunto de fatos interdependentes, quer sejam de natureza física ou social, o comportamento é função do campo que existe em torno de nós quando ele ocorre. E se quando duas pessoas que caminham pela mesma rua, quando andam, o lugar em que andam tem significados diferentes é porque o espaço em que vivemos é psicológico e não físico. Não podendo ser identificado com o referido ambiente, o espaço psicológico é quase físico, social e conceitual. Está condicionado e influenciado pelo meio físico, social e conceitual, mas é apenas o que vivemos psicologicamente visto de nossa posição.



Ricardo Magno

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