7 de julho de 2010

O Último Kierkegaardiano

 
Após passar longos anos lutando contra a depressão, eu já não sei se fiz a coisa certa. Embora certa, errada ou não, tenho total convicção que foi justamente isto que me fez estar vivo até agora e poder ter chegado onde cheguei. Quer as pessoas entendam ou não, o que me basta é que elas saibam que há muito eu já não necessito mais de suas doentias compreensões; porque às vezes, imaginar-se morto pode ser a melhor, radical e mais eficaz forma de manter-se vivo.

Quer as pessoas se importem ou não, durante muito tempo eu venho lutando contra a depressão! E se isso não é o bastante pra transformar ignorância, desconhecimento em lágrimas, é bom saberem que foi o bastante para que eu esteja vivo até agora! Pois durante muito tempo, lutei contra somente um inimigo, e ele se chama depressão! E na vida foi só isso o que aprendi, só isso ela me ensinou. E se pra vós o que faço não representa nada. Sinto muito! Mas tão cedo não quero me depara com a morte.

Mas agora, se isso não é o bastante para que eu venha a me tornar um escritor famoso, ganhar um Nobel e me sustentar, é bom que saibam que isso vem sendo há muito tempo o bastante para eu suportar. Ler Nietzsche, Lacan, Freud e companhia, nunca me serviria de nada se não fosse para me ajudar a combater o bom combate! Se isso não serve pra fazer parte da Academia Brasileira, Maranhense ou Imperatrizense de Letras, é bom que todos saibam que isso vem sendo, há muito! O coeficiente suficiente para eu parar de me autoflagelar.

Meu jeito disperso e sempre aparentando ser negligente com tudo o que é externo, fator que sempre acaba irritando! Meu potencial jogado fora enquanto ninguém vê milhões de navalhas cortarem minha carne junto de um estilo de pensar vagabundo... E tudo isso e a dor e prazer que viver assim constantemente me causa, não seria nada se não fosse esse o preço que tenho a pagar por até agora insistir corajosamente em estar vivo: A incompreensão como um doce prejuízo! Porque no instante em que virar as costas, baixar a guarda, o inimigo oculto vai se manifestar. E enquanto muitos usufruem de pensamentos livres para se intencionarem violentamente em direção ao mundo, eu, calado e fazendo silêncio, não posso deixar de ser diligente por si quer um segundo, e independente de tudo, tudo o que faço é pensando somente em me autopreservar enquanto minha mente menti e na consciência eu sou o seu prato predileto.

...E escrever não seria tão bom se não fosse pelos raríssimos segundos onde em meio a sessões de tortura, obtenho um pouco de alívio. Assim é pra mim como também deve ser inconscientemente para a minha mãe: Uma alma a brincar com a própria alma.


Ricardo Magno

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