19 de julho de 2010

Análise iconográfica da escultura o Doríforo


O Doríforo é uma escultura de um jovem rapaz. Nela, o rapaz é retratado nu com perfeita especificação dos órgãos genitais: braço e perna direita esticados enquanto o braço e a perna esquerda estão retraídos. As silhuetas e tonicidades da musculatura corporal são pouco acentuadas, mas deixam claro a proposta do escultor em realçar tais nuances.
O estilo atlético, a desenvoltura do corpo e a feição do rosto com o corte de cabelo acusam uma origem grega na perspectiva da eterna exaltação da beleza e jovialidade.
A nudez é relatada como um dos fatores a expor a robustez e virilidade no auge da mocidade com naturalidade e sem pudor nenhum: traços característicos da corrente de pensamento greco-romana, visto que, o cristianismo exorta esse tipo de abordagem do corpo.
A leve contraposição dos membros braços e pernas é uma sagaz estratégia usada pelo artista para revelar a rigidez da musculatura. A estátua é feita de bronze, o que era comum no período clássico e a conservava por mais tempo.



Interpretação iconológica


O Doríforo, de Policleto é original do ano de 440 a.C. com altura: 199 cm. Do período helenístico, podemos observar o crescente naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de acordo com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento.
O grande desafio e a grande conquista da escultura do período helenístico foi a representação não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos os ângulos que pudessem ser observados.
Dentre os principais mestres da escultura clássica grega está Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança. Criou  padrões de beleza e equilíbrio através do tamanho das estátuas que deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
A ação é muito menos vigorosa, mas o torso reage plenamente a ela. O Doríforo segura a lança com a mão esquerda, seu ombro esquerdo está, portanto, tenso e ligeiramente alteado. O braço direito pende relaxado, o ombro descaído, A perna esquerda não sustenta peso algum e a anca está, portanto, um pouco caída. O contraste entre o torso contraído de um lado e descontraído do outro confere ao corpo um aspecto de equilíbrio dinâmico.
À alternação de membros tensos e relaxados, combinada com o torso que responde ao movimento dos membros, dá-se o nome de contraposto. Trata-se de um recurso repetidamente usado ao longo da história da arte, dada a sua grande eficácia em infundir uma impressão de vitalidade em figuras de pedra ou bronze ou pintadas.
O giro da cabeça do Doríforo para a sua direita confere o toque final à estátua: descreve uma suave curva em “S” invertido, muito apreciada no período gótico e usada para dar graciosidade às estátuas da Madona.
As duas vistas laterais têm qualidades muito diferentes, mas cada uma delas é harmoniosa e nítida em si mesma. A perfeita harmonia alcançada nesta obra não
acarretou, em sua esteira, problemas novos ou imprevistos. Foi à solução clássica, uma solução que haveria de ser apreciada através das eras que estavam por vir.
Na Grécia Antiga, a temática dos escultores em registrarem jovens era típica da valorização da juventude, como fica notório nas obras do Discóbolo de Míron e o Zeus de Artemísio: ambas elaboradas antes de Cristo e desenvolvendo uma sutil evolução na altura das estátuas. A primeira tinha 125 cm e a segundo com 209 cm. A caracterizar mudanças nos padrões de beleza.
Para que o artista pudesse ter mais facilidade na construção de novas poses, o bronze era uma técnica que facilitaria esse trabalho. O modelo era envolto com um molde feito basicamente de barro, espesso e forte o bastante para suportar a pressão do metal em fusão e era mantido no lugar por varetas de ferro que penetravam até o núcleo do modelo de barro, a cera era então derretida, deixando um espaço entre o núcleo do modelo de barro e o molde exterior, o bronze derretido (liga de cobre e estanho) era despejado então nesse vazio, para encher o espaço originalmente ocupado pela cera. Depois que o bronze esfriava e se solidificava, o molde era quebrado e a figura em bronze era polida e recebia acabamento. No método da cera perdida, de fundição do bronze, é necessário respiradouros e as estátuas raramente são fundidas numa só peça.



Ricardo Magno para disciplina de História da Arte/UFMA

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