5 de julho de 2010

A Flor Branca do Nemúfar


A verdade é que a vida é muito dura e qualquer homem sã tem que partir desse pressuposto. Assistam ao filme Up in the Air (de título equivocado em português, Amor sem Escalas, pois tinha uma imagem comercial melhor. Mas ele não é nada romântico!), leiam O Lobo da Estepe e o Demian, ambos do Hermann Hesse, e quem sabe assim vós poderíeis entender 0,01 por cento da minha personalidade, porque do resto nem mesmo eu sei dizer. Principalmente eu que ao contrário das pessoas normais que vão e voltam, sempre fico.
Os antigos bem diziam: habent sua fata libelli, pois os livros realmente têm seu próprio destino. E o destino deles está ligado ao destino dos leitores. Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam!

Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita. Águias ou Galinhas dependendo do lugar e do modo pelo qual foram criados e a si mesmo eles se tratam.


Ricardo Magno

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