9 de julho de 2010

Tom e Jerry

É quando os gatos saem para a caça que os ratos fazem à festa. Meus sonhos são o que de mais real carrego da vida. Meu sangue ferve! É o ápice da juventude! Impossível não sonhar com os prazeres carnais, com a farra e qualquer falta de compromisso social, exceto o de ser um bom cidadão.

Apesar de não conhecer bem o significado das palavras, uma coisa vos prometo: Vou gozar da vida ! Muitas e muitas vezes saborearei de todas as formas de gozo: o sorriso frouxo em um dia feliz, aquele suor gostoso e apertado por entre as coxas da mulher desejada.

Tudo isso é muito bom. E melhor sou eu, totalmente vulnerável a todas as loucuras, os maiores devaneios. Compromisso, eu? Não quero nem com a vida! Nenhuma palavra direi para depois não serem usadas contra mim.

Vamos gozar! As ruas com muitos destinos, cada um deles percorrerei, cada um de seus personagens serei. Todo dia uma vida nova, uma pessoa nova, pois somente a vida de cão é monótona. Mas o tédio pode ser um grande amigo.

Meu ritmo varia de acordo com a corrente sangüínea. Portanto desviarei das trajetórias, mudarei o curso da minha história e quebrarei a rotina com um simples desvio de conduta. Assim enriquecerei a minha alma com mais experiência.

Não serei ninguém, apago a memória fotográfica. Retratos? Só o de mulheres nuas! Meu paraíso é a sua carne, a coisa natural e imutável. O sexo é um ritual sagrado, um contemplar de almas, a experiência mística de que tanto falam os mortos, a única coisa pela qual faço questão de estar vivo. Pois fuder e farrear me dão vida e acrescentam vida aos meus dias.

O que faço! Apenas nego o mundo, a estupidez que foi criada na forma de um peso opressor de responsabilidade ilusória. Mas tudo é simples alucinação enquanto eu me recuso a viver uma utopia materialista. Parece que os homens se tornaram máquinas, e humanizando as coisas materiais, matou-se o cosmo.

Na noite, eu fujo do medo. Com alguns goles de cachaça, minha visão fica mais nítida e eu desmascaro a mentira, pois o prazer contempla a vida e a nós mesmos, as únicas coisas valiosas.
Na noite, por entre pernas e gemidos, em meio a farras que rompem à madrugada, me sinto livre e como se não houvesse mais nada. As mentiras morrem, eu estou morto, e tudo se inicia novamente.

Então recrio minha vida como um animal racional que às vezes não raciocina e até escolhe a hora de pensar. E não é que eu goste de boêmia, mas sendo boêmio, passei a gostar por ela ser o único antídoto da minha doença. Nunca uma solução, mais um analgésico paliativo. Porque é mais fácil viver no vício do que dentro de si. O labirinto dos ratos é minha morada.


Ricardo Magno

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