25 de janeiro de 2011

Nada Absoluto





Quando todos se calam, deus vem me visitar. Peço graça no meu caminho, proteção para meus pais e amigos, junto de muita paciência comigo, pois quase estou chegando lá!

É o conhecimento que cria o próprio conhecimento. No entanto, existe um fluxo metafísico entre nós e as coisas. Existe algo que não podemos tocar. Existe um êxtase. E é lá que desejo estar!

Conheço a resposta, embora não saiba fazer o cálculo à medida que a lua cai por não saber se levantar e os cachorros latem por não saberem falar. E é por isso que não faz sentido!

Meu processo de criação é dadaísta, simbolista! Eu não decido escrever, eu não escolho as palavras. São elas que me escolhem! Minha parte é apenas jogar o anzol da hipersensibilidade no mar da intrapessoalidade, como quem simplesmente mete a mão na consciência e puxa a sensação que vier. E da forma como ela vem, fica!

Abro mão dos meus desejos como quem bebe um remédio amargo. E quando é necessário sangrar alguém que amamos, sempre quem sangra mais somos nós! Igual a uma jóia rara, diamante para se deixar guardado no cofre forte de nossa casa e debaixo do lençol quente de nossa cama, assim é a mulher que a gente ama!

Buscar, sem saber o que buscar! Apenas buscar um meio de ser feliz em todos os tempos mesmo que para isso seja necessário destruir a felicidade.
Tentar ajudar as pessoas como se um dia fosse possível vir a nos tornarmos  exemplo. Mas fraco, caio em contradição.

É que em certas horas, um movimento de defesa dói mais do que o próprio soco. E em outras ocasiões, o próprio soco é o movimento de defesa.

Dentro de mim posso ressuscitar coisas mortas. Na reserva do meu ser encontro paz, força e tranqüilidade; porque foi através de cada pedaço intimo da terra que chegamos a ser quem somos.

Vivendo em um lugar onde nada é absoluto, lanço frases e conglomerados de palavras no ar. As deixo percorrer pelo céu flutuante na expectativa de que em um dia alguém as trague. Inspiro-me nisso e escrever acaba se tornando um desses motivos.



Ricardo Magno

19 de janeiro de 2011

O Tempo e a Poesia





Não é a fila que anda. Somos nós que fazemos ela andar. Entrou na dança das cadeiras, agora tem que rebolar! Pois a única moda que resiste aos dias de chuva é o modismo de se molhar.

O título é um imperativo e não um subjuntivo. A ordem é que manda sem pedir licença! Quando as janelas não estão abertas, sinal de que ainda é cedo demais. Refém da eternidade e escravo do tempo como uma arte de esculpir o passado registrado no espaço em suas formas e manifestações reais, semelhante a uma força relacionada a necessidade inseparável do filme com a matéria da realidade que nos cerca. Assim também pode ser descrita a vida. Em ínfimas partes.

Com personagens capazes de se sacrificar em nome de um ideal nobre, dependendo inutilmente apenas do que esta a esperar. Preparados para um futuro sem expectativas de quando em quando ele irá chegar, enquanto, aos olhos, muitas coisas podem vir a se tornarem grandes bobagens.

E mesmo sendo um pouco muito simbolista, o astronauta de Solaris, o guia de Stalker, o solitário que se queima em Nostalgia e aquele outro que queima a própria casa em O sacrifício, pertencem à mesma família de Rublev: os que olham o mundo com olhos infantis e indefesos. No mais, permitir que eles vão embora.

Entretanto! Para que se possa resolver boa parte dos problemas, simplesmente se deve ficar em casa e ler o Bauman. E assim buscar uma forma de aceitar que as coisas não são mais como eram antigamente e que o antigamente nunca foi como se imaginava. Deste modo, a única escolha é entrar na dança das cadeiras e correr o risco de ficar em pé.

Pois ao lado de atores quase crianças, quatro imagens poéticas de um diretor que não queria ser chamado de cineasta se foi com o tempo e as pessoas, junto dele, se esvaindo muito rápido. O amor do café da manhã já é, no almoço, o adeus de três anos atrás. De tanto que o sólido ficou líquido e o líquido a muito já evaporou.

Os cavalos de fogo, A cor da romã, A lenda da fortaleza Suram e O trovador Kerib; todas em suas obras, como o lugar de reproduzir a aparência de pessoas e coisas tratando de reinventar o mundo poeticamente, eram grandemente admirados pelo próprio Tarkovsky, que se dizia em dívida com a visão particular de Paradjanov e com sua capacidade de expressar em uma linguagem poética absolutamente livre, o nada. 

É que ultimamente, o tempo é um bicho que Dalí quis materializar. Mas de tanto persistir, o tempo conseguiu escapar.



Ricardo Magno

18 de janeiro de 2011

Intermitentes




As pessoas que têm grana se acham mais interessantes do que as outras somente por causa disso. E quem não tem passam a se martirizar simplesmente por crer piamente nisto. Mas se preferir, morra novo como um fracassado ou então velho como um conformado! No entanto, continuarei escrevendo textos fingindo que ninguém nunca foi embora.

Por muito menos eu quero muito mais, embora não seja totalmente correto e muito menos errado procurar somente situações que possa nos beneficiar, (os “feedbacks” capazes de ajudar) o que é uma postura plenamente racional, já que seria o mesmo a fazer de qualquer pessoa, usando ou não a racionalidade, pois, em meio a escuridão o melhor guia da percepção só os instintos podem nos dar.

Entretanto, é uma tremenda covardia fugir das situações indesejadas quando pressentimos que somos os mais vulneráveis. E há muito já se tornou irracional enaltecer as qualidades somente daqueles em que o dinheiro direciona os seus holofotes. Com ou sem grana, nunca devemos agir assim, embora saibamos que todos nós nos tornamos um pouco do que temos como se fosse uma espécie de simbiose materialista. O pior é que isso causa um enorme ressentimento que sem percebermos, vem supurando a alma, tirando o fôlego.

Tentar manter o equilíbrio e não se descontrolar por não permitir se levar pelas circunstâncias tentadoras, não é uma escolha, e sim um caminho a seguir por obrigação! Porque, no fundo, a vontade é sempre a de se deixar levar e mergulhar a fundo em ti por ininterruptas horas. Pois, perante algumas feridas a única possibilidade de cura surge através da resignação.

Porém, de certa forma, temos que nos manter em um “certo controle” que faz com que nos sintamos um pouco doente em meio a tantas ilusões e inverdades conversadas pausadamente, em vista de um contato esporádico a medida em que o momento passa. E o afastamento não é a postura oriunda da verdadeira vontade. É que, em pleno horário comercial pessoas costumam andar nas ruas como se estivessem à passeio.

Mas estando em paz, só não tente me ludibriar ao buscar ler os pensamentos para apenas poder falar tudo que penso. Enquanto isso, só apareço quando acho conveniente aparecer porque sempre que é inevitável o que não é de nosso agrado, facilmente nos adequamos com o seu gosto amargo, a medida que ainda existem idiotas vendo o sexo como uma das formas de saciar o ego, pra depois do coito, saírem deturpando as mulheres.

E se ela fez tudo que tu quiseste, nada seria mais justo do que divinizá-la. Porque nem sempre tudo o que envolve grande prazer é digno de ser compartilhado, se transformando em segredo de Estado. O nosso amor é só nosso! Não interessa o que acontece aí fora. O importante é que o cérebro não pare!



Ricardo Magno

10 de janeiro de 2011

La Veuve Clicquot








Com o coração partido por uma desventura romântica, ela era mais conhecida como a Viúva Solitária. Andava invisivelmente pelos cantos da horripilante casa com os cabelos negros a esconder a palidez da face. Jovens da aristocracia franco-italiana chegavam usando óculos Dolce & Gabbana, fibra de carbono, modelo 1964.

Começou a festa! Era um palacete velho em ruínas na beira da praia ao norte da Itália. Suas condições precárias sobrevia com uma soberba resistente da pompa e ostentação de outras décadas, uma metáfora decadente com a atual posição social dos monarcas. Netos pobres de avós ricos brincavam de cabra-cega no cemitério particular de toda a linhagem!

Pessoas vistosas curtiam a praia usando ternos Giorgio Armani e gravata mais de 10 mil dólares no instante em que ela matava nove casais em mais uma orgia de feriado. Usou calcinhas para amortecer a dor que estourava o crânio de um dos jovens. Arrebentou os seios da mais linda ragazza com uma ferramenta pontiaguda a lhe servir o jantar como uma faca.

Prosecco nem pingava na taça já tinha acabado. Por debaixo de um Coco Chanel mulheres se vestiam com calcinhas que podiam ser rasgadas. Não ria, não sentia amor, não sentia ódio e nem nada. Brigitte Bardot, Jane Fonda e Sophia Loren, a essa hora, ninguém as encontravam, pois já estavam nos quartos trancadas. Mas quando os outros foram tomar banho, ali mesmo ela usou os cacos de vidro para lhes arrancar o som como se fosse uma navalha. Deu somente um golpe de louvor, pois para a sua filosofia de vida os amantes sempre devem morrer abraçados.

Naquela mansão mal assombrada, em uma dimensão onde habitavam os fantasmas, ela passeava como se estivesse em um assustador desfile de moda de dezenas de noivas cadáveres. Uma solitária viúva que chorava por entre as paredes de sangue misturado com argamassa enquanto a Audrey Hepburn já era a bonequinha de luxo do Truman Capote. E por onde quer que passasse ela fazia exaltação ao discreto charme da burguesia da praça.

Ao transcorrer da madrugada, por cada cômodo da casa, lençóis de seda eram arremessados no chão, sujos por esguichos de gala, que rapidamente faziam menção ao símbolo da Nike, antes do concretismo se dissolver no espaço.

Em" Que la plage nue", o vento destilava pelos recantos da casa e se desviava das estatuas imaginárias de pessoas de mármore, em nada ousavam presenciar tão horrenda aparição cadavérica, pois ela era o pior pesadelo do lar e a musa da farra na Fontana di Trevi.



Ricardo Magno
  






A Musa do Meu Falo




Em uma fantasia mais próxima da realidade é sempre quando um aroma de muitos anos nos toma de assalto que a partir daí se inicia a mais louca de todas as escritas banhada em águas puras de sinestesia. 

Se os ouvidos estão dos lados, então para te escutar eu não preciso olhar dentro dos teus olhos. Pois nada me interessaria ao sair do tubo de imagem da tua velha TV tela plana de 29 polegadas.

Papai Noel me deu uma garrafa de Red Label. Mas que velho safado! Ainda me cobrou 60 reais. Dizendo ele que é porque estava na promoção. Mas eu acho mesmo é que ele trabalha no Mix Hiper Mateus.

Existem dias bons e dias ruins. E dias ruins, ruins e ruins. Portanto, hoje me faça o favor de nem si quer me dar uns tapinhas camarada nas costas. Se for me mirar, vê se me erra! Porém, ecoa um tango luso-agertino em um bandolim paraguaio.

Ao fazer programas, uns apenas conseguem se transformar em um depósito de doenças venéreas enquanto outros ficam bilionários aos 26 anos como criadores de uma nova rede social. É foda mesmo!

Vários escritores já falaram das mesmas coisas. Mas eu ainda não. Então é como se fosse a primeira vez. Porque algumas coisas só têm valor se nós as fizermos quando ninguém sabe. Do contrário, perde-se completamente o sentido da graça.

Não existe nada interessante na vida que se possa ser feito antes das duas horas da tarde. Por mim, Jesus poderia ter nascido em qualquer dia, contanto que fosse em um feriado. Mas em proporções quadráticas não deixa de ser uma glória.



Ricardo Magno

Os Dragões e a Independência




Um início sem comemorações ou fogos de artifício. Ele apenas descia pela rua, amiúde, coçando o saco. Pois foi no ano de 1973 que ele se envolveu em mais uma overdose de peidos. O cú peidava tanto que soluçava!

A bexiga se rasgou de rir enquanto o pau achava a maior graça disso tudo. Dois toicinhos pareciam os testículos a serem embalados por uma placenta de esperma no instante em que são ninados na rede nordestina de um saco escrotal.

Contra o próprio dono, a mente dele agia igual a um sistema operacional louco. E para achar a solução disso, haja hardware! Mas eles são todos iguais. O mesmo estereotipo, tênis da Nike, (O que dá choque!) camisetas de times internacionais (Só porque está na moda. Mas, qual moda?); enquanto ele não conseguia esquecer a imagem de uma mulher de quatro nua em um dos quadros do Monet.

"Que é isso cara? Tomar uísque durante o horário de serviço e transformar o conservadorismo em anarquia? Acorde cedo e trabalhe como um Zé Mané!"

No termino, não houve choros e lágrimas e muito menos ligações desesperadas a irromper a madrugada. Com o estampido de um estouro silencioso por dentro, cada um seguiu o seu caminho fingindo nunca ter acontecido nada.

Dos piores, o melhor. O mataram! Há muito tempo se ouvia difamações a seu respeito. Esperaram ele crescer, se desenvolver e estudar. E ai então o levaram até ao extremo da vida. Só sei que o mataram! De mentiras, com farpas, carne envenenada ou mil coronhadas, o mataram. Logo ele que era tão bom.

Agora eles agem como dois estranhos na parada de ônibus, enquanto um continua lá e o outro aqui, sem que os atuais saibam. Por isso, de agora em diante, o príncipe se sentirá sempre tentado a espera de nunca vir a deixar de ser sapo na ânsia de constantemente ter alguém que siga ao seu encontro para na utopia de um beijo conseguir transformá-lo.


Ricardo Magno

4 de janeiro de 2011

Frases rápidas





Meus caros! Não confundam o nosso potencial com a nossa amizade, pois ambos são coisas completamente distintas.

Meus queridos! Não se espantem quando eu começar a dar vôos mais altos do que suas cabeças. É que a muito já adquiri a maturidade para o que ainda não sei fazer.

Em alguns sentidos, literalmente sentidos! A liquidez e a leveza do tempo e do espaço me apavoram! Eu desejo me espalhar e não me esvair que nem poeira no deserto!

Ter a convicção em uma conexão libidinal forte talvez seja uma de minhas grandes falhas. Ou não! Pode ser também o prelúdio do caminho da auto-suficiência. Só espero encontrar a medida certa para não me tornar um eterno onanista.

Quanto mais rápido escrevo um texto, melhor ele sai. Ficar remoendo palavras é um sinal de que as sensações não foram bem capturadas.
Descrever algo, expressar por escrito um sentimento é como tirar uma fotografia da alma.

Quando a sensação é realmente forte e avassaladora, sinto as moções antes mesmo dos abalos sísmicos... Eu tenho um pacto silencioso com deus. E se ele cumprir a sua parte, eu já sei exatamente o que devo fazer.


Ricardo Magno