10 de agosto de 2010

Godofredo Viana: O Crisóstomo maranhense


Até 1924 Imperatriz era apenas uma vila. Embora já contasse mais de 70 anos de fundada, ainda não havia conquistado a mudança definitiva de status, como reconhecimento de sua condição de localidade detentora de alguma estrutura urbana, política, econômica e social, considerados os padrões da época nesta parte do Estado.
Foi naquele ano, em 22 de abril – um dia que lembra a data histórica da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500 – que Godofredo Viana firmou o ato oficial que mudava a categoria de Imperatriz, de vila a cidade.
Godofredo Viana era o presidente do Estado do Maranhão. (Em 1924 chamava-se presidente o cargo que hoje corresponde a governador). Nessa condição ele assinou a Lei n° 1.179, de 22 de abril de 1924. Imperatriz chegava, assim, ao último estágio que uma localidade pode atingir: a categoria de cidade.
86 anos depois, quando Imperatriz completa 158 anos de existência, Godofredo Viana mal é lembrado, exceto pelo fato de ser o nome de uma das principais ruas da cidade. Mas, quem foi Godofredo Viana?
O maranhense Godofredo Mendes Viana foi advogado, juiz, professor de Direito, político, jornalista e escritor. No campo político, foi senador (duas vezes), governador (presidente de Estado), deputado constituinte, deputado federal. Jornalista e escritor, teve vários trabalhos publicados, de livros de Direito a obras literárias (romances, novelas, poemas).
Godofredo Viana nasceu no dia 14 de junho de 1878, e Codó (outras fontes dão-no como nascido em São Luís). Era filho de dona Joaquina de Pinho Lima Mendes Viana e de Torquato Mendes Viana, magistrado e desembargador.
Estudou em São Luís, no colégio Liceu Maranhense, onde fez os cursos primário e secundário (hoje, Ensino Fundamental e Ensino Médio). O curso superior foi realizado no Estado da Bahia, na Faculdade Livre de Direito, onde se formou em dezembro de 1903, aos 25 anos. Seu brilhantismo no curso levou seus colegas a elegerem-no, por aclamação, orador da turma. O discurso de formatura, considerado “notável”, foi publicado pela imprensa do Maranhão e do Rio de Janeiro, que era, então, a capital do Brasil. Suas qualidades de orador o tornariam admirado, a ponto de ser chamado de “boca de ouro” ou “o novo CRISÓSTOMO maranhense”, uma referência a Díon Crisóstomo, orador e filósofo grego.
Em 1905, jovem ainda (27 anos) é nomeado promotor público na cidade de Alcântara (MA). Nessa cidade também seria juiz federal substituto na capital, São Luís. Exerceu essas duas funções até 1918. Em 1921, aos 43 anos, foi eleito senador pelo Maranhão.
No ano seguinte, 1922, Godofredo Viana é eleito presidente do Maranhão. Substituiu Urbano Santos, que falecera. Fica até 1926, quando assume novo presidente do Maranhão, e volta para o Senado, onde permanece até 1929. Em maio de 1933, elege-se deputado pelo Maranhão e assume, em novembro do mesmo ano, na Assembléia Nacional Constituinte, onde, em junho de 1934, é nomeado membro da Comissão de Redação da Constituinte. Já no mesmo mês apresenta os critérios para a elaboração do texto constitucional. A Constituição é promulgada no mês seguinte, em 16 de julho de 1934. E, no dia seguinte, os constituintes elegem Getúlio Vargas presidente do Brasil.
Godofredo Viana volta a se eleger deputado pelo Maranhão, em outubro de 1934. O mandato é interrompido em 1937 pelo Estado Novo, que dissolvera o Poder Legislativo em todo o País (deputados federais, estaduais e vereadores). Godofredo Viana volta às suas atividades profissionais, agora na Justiça Federal do Rio de Janeiro, que era a capital federal. Faleceu no dia 12 de agosto de 1944, no Rio de Janeiro. Antes disso, exerceu outros cargos e atividades no Maranhão e no Rio de Janeiro. Foi eleito membro da Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a cadeira número 15.
Casado com Joviliana Mendes Viana, teve dois filhos, que também se distinguiram na vida pública e profissional: Um deles, Evandro Mendes Viana, foi senador pelo Maranhão; e o outro filho, Antônio Mendes Viana, foi diplomata.

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