9 de agosto de 2010

Full Metal







Eu sou um alquimista que nunca fez alquimia vivendo de especulações: o próprio teatro do absurdo em pessoa quando as coisas absurdas há muito já me parecem normais. Oh quão grande e vão é esse lixão de pensamentos bestas!


Não sei se as minhas queixas são realmente os motivos para minha vida estar do modo que não quero, mas como eles me servem de desculpa, pode ser que acabem se tornando. Meu medo é nunca achar um corpo, um braço e uma perna, e passar toda a eternidade vivendo em uma alma deslocada como todo bom Vate louco o é!


Meus irmão são todos almas sem corpos vagueando por entre o materialismo das veias que liberam xilema e floema, enquanto nada fode, numa armadura de aço, o selo de sangue é a alma.


Respeitando o principio de conservação das massas e fazendo trocas equivalentes que não me levam a nada, o nada pouco a pouco, começa a me parecer um lar bem agradável, enquanto eu acabo de me convencer que o querer é uma dádiva amaldiçoada.


Não ouvir a voz de ninguém, nunca mais ver ninguém, não desejar mais nada, lavar roupas e não vê-las secarem. Como todo bom medroso mágico faz, eu brinco de malabares, mas quando o grande truque jaz, nada de tirar o maldita coelho da cartola.


Totalmente inerte ao espetáculo que se sucede no céu, eu não faço nada! Vendo a vida se esvair, a única coisa que faço é continuar escrevendo cartas à medida que vou me distanciando de tudo o que quero porque elas sempre trazem consigo um veneno para meu coração.


Um dos meus temores é sempre ficar andando nessa linha que sempre insiste em fazer círculos em volta do meu próprio eixo. Adestrado pelo meio social igual a um elefante subordinado a cadeira, não vejo alternativa melhor do que continuar me resguardando no meu velho lugar, onde quimeras não me atingem e os omunculus têm almas... Enquanto isso, jaz o qüinquagésimo primeiro episódio.


Ricardo Magno

0 Comentários: