29 de dezembro de 2010

Qualquer Cidadezinha Qualquer




Que universo entediante! Mal acaba um livro, logo começa outro. Enquanto isso, rapazes marombados com o cérebro oito vezes menor do que a força de uma formiga se matam nas academias na espera de mais um carnaval. Pretexto para andar o ano inteiro de camiseta regata com um pit bull encoleirado. Equilibristas! Pêras invertidas! Ombros largos, braços de trator milagrosamente andando na corda bamba de canelas de sabiá. Pobres filhos da puta! Nunca leram a Lei do Uso e Desuso de Lamarck e, quanto a isso, permanecem diariamente atrofiando os seus músculos cerebrais.

Meninas jovens, porém moças já rotas. Na puberdade, elas passam o dia inteiro à toa assistindo sessão da tarde e sendo digeridas pela televisão no mesmo instante em que suas mentes precoces ficam ansiosamente tentadas a adivinhar qual rapaz irá lhes deflorar. E tudo isso ocorre enquanto elas assistem Malhação. Deve ser culpa dos raios catódicos. Um seriado Videodrome!

Homens fétidos cada dia mais gordos! Estupidez mórbida de quem deixou os sonhos passarem e agora vivem recônditos nas entranhas de um passado inexistente por entre casamentos falidos, empresas fudidas, famílias desestruturadas oriundas de uma vida muito pior do que qualquer uma daquelas fodas bêbadas de uma só noite em um motel barato de cinco reais. Meia luz nas preliminares, só se a televisão estiver ligada! E depois, para se lavar, um litro de quiboa vazio e cortado ao meio em um balde de lata amassado com os dentes. Filhos de sangue. Sanguessuga, sangue sugam!

Nada é mais deprimente do que o sonho pequeno-burguês suburbano de trabalhar ano após ano e se contentar no final dos doze meses em trocar um carro por outro semelhante, só que do modelo atual. Isto é jogada do mercado! Será que ninguém vê? Pois bem! Deixem como estar. Mantenham-se fazendo a barba e cortando bem curtinho os seus cabelos no estilo social a disfarçar o sotaque do centro-oeste até não conseguirem mais fingir aturar essas músicas idiotas para obter poucos segundos orgásticos de infeliz realização sexual. Que pesadelo maldito é a vida suburbana de um pequeno-burguês de bosta classe média! Um merda na água que é o centro da privada a confundi-la com o universo.

Fodam-se todos os pseudos! Pseudo bêbados, pseudo loucos, pseudo cornos e pseudo intelectuais! Quanto a estes, a bebedeira diária sem sentido já os mataram. Quanto mais fazem, pouca diferença eles causam. Já caíram no marasmo da cidadezinha qualquer. Como os outros, eles também não passam de meros estereótipos qualquer! Se irritam e discutem com deus como se assim fosse possível descobrir alguma solução. Antes mesmo de serem pegos pelo minotauro, eles se esticam e se batem como se assim fosse possível encontrar a verdadeira saída dessa placenta conformista. Mas o que realizam é a mesma coisa que Pinóquio fez ao tentar tornar Gepeto mais um de seus fantoches. A seu modo, alongam as pernas e dormem um longo sono embriagante nos pés dos pêlos de cada um de seus coelhos.

Grandes lojas e várias obras trazem consigo a promessa de tentarem romper com esse tédio. Enquanto isso, a bola sete deixou de entrar na caçapa por ter a mais de um mês rompido com a sua dieta. São pessoas de cor agora coloridas. Negros que se dizem homens com os cabelos alisados a fugirem de suas etnias. Mas o que é mesmo etnia hoje em dia? Quanto a isso, atravessa a rua a porra de um metal que só tomou ferro no cú com as mudanças do mercado de trabalho. Se alienou com a própria música e hoje em dia, ele mesmo encontra dificuldades para saber o que é que é rock dentre as várias denominações. Mas todo final de semana está no calipso para ver se come uma mulher com mais facilidade. E nem isso ele consegue, porque não existe mulher que curta mais o sexo do que as metaleiras. Por isso, geralmente elas optam em fuder com os caras “normais”. Cansadas de tanto blá, blá, blá, elas acabam pregando o coração no pára-lama de um caminhão e deixando ele seguir a sua rota.

Enquanto as recatadas já se prostituiam, quem foi que nunca ouviu falar da história da garota mais vadia da escola que ainda era virgem? O parente que ficou melhor de vida e somente agora criou coragem para participar das reuniões de família? É! Ao olhar por entre bananeiras, ao escutar por entre janelas, hoje em dia, Drummond teria uma bela dor nas costas.


Ricardo Magno


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