Foi tudo culpa do cinema! Uma canção arrebatadora e, uma famosa cantora de samba-canção acabou envolvida com esse tal “novo ritmo”. Tudo começou em novembro de 1955 quando a “melodia” “Rock Around the Clock”, tema do filme “Blackboard Jungle” (Sementes da Violência) foi gravada por Nora Ney em cima da versão de Bill Haley & His Comets. Assim nascia o primeiro rock gravado no Brasil.
O estouro de “Rock Around the Clock” detonou o surgimento do rock’n’roll no Brasil, como em todo o mundo, por meio da tão digna e prestativa Sétima Arte. Incluído na trilha do filme, a música tocava apenas em sua abertura, durante a apresentação dos créditos, mas o suficiente para agitar os jovens espectadores e produzir grandes confusões nas salas de cinema.
Retratando conflitos de uma juventude que começava a buscar seu espaço na sociedade, o filme estreou em São Paulo e Rio de Janeiro em outubro de 1955 – no calor da morte trágica do ídolo jovem da época, James Dean. O filme, na verdade, faturava o sucesso comercial da música e amplificava ainda mais a sua febre inicial.
A situação de “descontrole” da juventude chegou a depredar cinemas ao som do rock, não agradando às autoridades. Em muitos casos, o filme chegou a ser proibido. O governador de São Paulo, Jânio Quadros ordenou ao secretário de Segurança que determinasse “à polícia deter, sumariamente, colocando em carro de preso, os que promovessem cenas semelhantes; e, os que fossem menores, entregá-los ao honrado juiz”. Com efeito, juizes de menores baixaram uma portaria proibindo o filme para aqueles que não tivessem 18 anos.
Apesar de tanto frenesi causado pela revolução involuntária, a verdade é que o destino previsto para “Rock Around the Clock” era outro, bem diferente. Gravada em 12 de outubro de 1954 e lançada no mesmo ano, o single foi inicialmente um fracasso, vendendo somente 75 mil cópias nos Estados Unidos. Foi somente um ano depois, com a inclusão na trilha de Sementes da Violência, que a música explodiu em vendas no mundo todo.
A gravação de Haley era, na verdade, um cover de um original lançado havia um mês pelo cantor ítalo-americano Sonny Dae & Knights. Seu autor, Max C. Freedman, era um nova-iorquino de 63 anos – nada mais distante do juvenil rock’n’roll que ajudou a construir. Ainda mais interessante é que Dae a relegou a um discreto lado B do vinil. A música, no entanto, estava marcada por confluências históricas, que, talvez, sejam a principal razão de seu sucesso.
A versão de Haley traz em seu DNA, pelo menos, a influência de outras três canções. O próprio admitiu a “inspiração explícita de um antigo blues de 1922 chamado “My Daddy Rocks Me (With One Steady Roll)”, de Trixie Smith. Outra fonte, dessa vez não assumida, seria “Movie It On Over”, de Hank Willians, de 1947. A terceira influência direta é o tema instrumental “Syncopated Clock”, de Leroy Anderson (1945), da qual “Rock Around the Clock” seria uma espécie de variação roqueira.
Composta em outubro de 1952, a canção já havia sido oferecida a Bill Haley naquela época, pelo promotor e empresário James Myers. A música, no entanto, não entusiasmou Dave Miller, produtor da Essex Records, então dono do passe de Bill Haley, que preferiu outra canção.
Como se não bastassem tantas confusões, ainda vale dizer que existem outros dois registros com o nome de “Rock Around the Clock” anteriores a gravação de Haley, interpretados por Hal Singer (1950) e por Wally Mercer (1952). A autoria da música também é confusa. Uma das versões reafirma a parceria de Max C. Freedman e James Myers. Segundo o próprio Myers, em entrevistas, ele teria “completado” a canção inicial do Freedman. Outra sugere que Myers apenas assinou a música, na condição de editor, e também agente de Bill Haley, como era comum na época.
Até onde se sabe, a expressão “rock’n’roll” é creditada ao Dj Allan Freed. Mas é somente até onde se sabe...
Fonte: Revista Super Interessante especial história do rock
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