20 de abril de 2011

Assim diria Manoel de Barros







Pra que ficar dentro de casa numa noite tão bela? Aqui o som da música é tenebroso. Abrir a grade da cozinha sem que meu cachorro perceba, esta é minha maior missão hoje. Porque lá fora está uma bela lua, e em simplesmente olhar para ela, me sentirei transportado para o lado de todas as pessoas que amo. Neste exato momento eu gostaria de estar com muita gente. No entanto, estou só! Mas ao olhar para o céu sei que elas estarão comigo.

É apenas uma vontade de segurar o momento e não deixar que ele se vá como tantos outros se foram. É só uma vontade de aproveitar cada segundo o máximo possível de uma maneira que nunca foi feita, de um modo especial que talvez só eu saiba.

Pode ser o efeito do vinho, com certeza seria isso o que minha mãe diria. Pode ser o efeito da neura, com certeza seria isso o que um psicanalista diria. Mas também pode ser o efeito de uma alma milagrosa, de um espirito imenso, e isso ninguém nunca me dirá, porque nunca saberão do que se trata: almas grandes em meio a uma alma imensa. É assim que sou!

Mandar uma mensagem para alguém? Talvez fosse a melhor forma de me sentir conectado. Não! Deixar pra lá a pieguice e suportar sozinho o que inevitavelmente tenho que enfrentar. Esperar e ter a esperança de que alguém mande uma mensagem pra mim? Pior ainda! Seria morrer pela fé me tornando cada vez mais fragilizado. Então o que faço é manter o coração rígido como o aço, ou ao menos aparentar ser assim. Esperar mais uma festa estúpida, motivo banal para encher a cara de tédio e expurgar publicamente meus demônios fingindo que dessa vez eles foram embora.

As pessoas olham para um bêbado e o que elas vêem é só um bêbado! Que pena! Um mundo cheio de visões limitadas. Porque eu vejo bêbados, psicóticos, crianças e vagabundos... Assim diria Manoel de Barros.


Ricardo Magno

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