27 de abril de 2011

Ana Luz







No Duo Jazz, jaz quase anjos. Jazmin de luna! A estrela vermelha ilumina o céu azul enquanto a lua na janela admira o rosto dela. Um Serafim de belo porte, pastor bom de cabras a sair de casa na madrugada. No tempo em que jipe era carro de rico, voava o pensamento sereno adentro. Tez bonita, mal amanhecia e ela já contava as horas de chegar à tarde para descer com o pai e as irmãs para a Lagoa a procurar girassol. Ela, Araguaia. Eu, Tocantins!

Um mercador nato que agora é mais que um velho poderia receber o apelido de doutor por apenas ser sábio a se tratar de comércio. Título acadêmico ou de nobreza. Uma espécie de conde do interior. De tão inteligente, firme e sagaz também era o homem. Foi embora falido, mas de cabeça erguida sem dever nada a ninguém. Mas dos dezoito filhos somente os mais velhos souberam o que era ser de uma linhagem sertaneja nobre. Na nova cidade, ao fazerem o que Jacó teria inveja, os demais venderam bolos em portas de cabarés para segurar pelo calcanhar pratos de refeições na Santa Ceia.

Mas ainda no tempo bom ao final do dia vinha sempre o patriarca acompanhado do motorista pegar as meninas para dar voltas no automóvel sem capota por uma de suas posses. O arrebol soltava faíscas aos olhos! Era uma festa no interior.  E o velho nunca falhava. Coroa bem arrumado, cabelos começando a ficar grisalhos, excelente em ciências exatas enquanto achava muita frescura alguns quesitos na área de humanas. Típico exemplar do líder da família no nordeste ao mesmo tempo em que surgia ela, Ananinha, a cheia de faniquitos e extremamente vaidosa. Sem marido, sem filho, despreocupada, toda feliz para pular dentro do carro sem deixar o pente escorregar dos braços.

Foi o período que em movimento todas as ingenuidade da infância tomam proporções catastróficas tanto que era de se arrancar as penas dos anjos! Com estripulias em um ritual de passagem, crianças sonhavam e não acordavam sem compreender do que a vida se tratava. Uma cachorra Baleia a perseguir na imaginação pássaros tão cobiçados durante a existência na transição da rasga mortalha.

No instante seguinte ao da raiva, dissipava-se a fumaça e a hipótese deste momento ter sido realidade. Foi embora por entre as idéias do velho o medo e temor da morte com a mesma convicção de que o homem orbitou no espaço. A conhecer o homem, meu avô e o ocorrido, a distância entre a emoção e o sentido que ronda o coração, após cada perigo ele se punha de castigo ajoelhado no milho, sãs e salvas todas as meninas, sem insultar nenhuma... Totalmente desprovido de esculhambações desnecessárias.  Só o motorista é que tinha que observar os perigos da estrada.

Quando o homem chega na encruzilhada e se torna vão o socorro da parte do próprio, olha-se para os lados e nada... O céu escurece e desaba. Tudo se acaba quando o homem anda desanimado e só. Quando tudo está perdido. Só quando tudo está perdido na vida é que a gente descobre que na vida nunca tudo está perdido! Sempre resta um sorriso que ilumina a alma e acalma quando é preciso. E como é preciso! Pois torre forte em alto retiro é a destra da justiça quando José Alberto, em 10 de abril de 2006, estava todo ok na arma poderosa e silenciosa que é a oração.

Nua perante a razão. Despida de fé e sincretismo religioso banhada pelas águas da terra da umbanda é Ana Luiza: Pobre de real, mas rica de Jesus.



Ricardo Magno


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