18 de agosto de 2011

O Despotismo Materialista e o telespectador Bonner Simpson




Os vagabundos de consciência não limpa entendem por conduta ilibada o péssimo hábito de se auto-flagelarem como desculpa para continuarem evitando o enfrentamento contra a vida, a realidade social. Mas foi na escolha dos meios para alcançar os fins sempre tendo em vista a autoconservação, que ocorreu a automatização da razão instrumental provocando como conseqüência a adaptação ao meio de maneira conformada. Por isso, andar no limiar do Tanatos não fazendo disso um suicídio é o caminho inevitável para a liberdade quando os principais valores racionais referentes a vida, justiça e liberdade se tornaram os filhos imbricados de contradições inerentes realizando na busca coletiva da sobrevivência da sociedade um mero jogo pessoal inconsciente que cada um pratica consigo mesmo em vista de desejos preferenciais. Pois o herói valente que busca a vida sem dar o braço a torcer as convenções e organizações sociais da atualidade só conseguiu sobreviver no arcabouço da comodidade a partir da formação de um indivíduo covarde que nem mesmo ele sabe.

Ao contrário do que Alain Besançon disse, é o capitalismo que toma por hábito, semelhante a atitude das células cancerígenas, sempre sugar a vitalidade dos órgão indispensáveis para a sobrivência, não o bastante até o liquidá-los, porque assim então o próprio parasita tomaria a mesma sorte. É que os mecanismos de dominação das massas desenvolveram a consciência de si mesmos, e com isso encontraram maneiras de amortizar os impactos do progresso histórico baseado nas lutas de classe revelados pelo prisma da dialética materialista. Não é mais rebeldia o som do rock e há muito os efeitos do comunismo foram controlados e passaram a agir de maneira com que os seus resultados sejam minimizados pelo ápice das Leis Trabalhistas e os falsos avanços de sanções socialistas oriundas da mentalidade marxista remanescente em alguns meios universitários, a contemporânea geração Cruj de ultra-revolucionários. Mas esses métodos não funcionam mais, embora continuem sendo melhores do que não fazer nada e permitir a novas amordaças um modo muito peculiar de gerenciar perpetuando o capitalismo em um estilo de materialismo déspota, no qual conscientes ou não, se submetem grande parte da humanidade.

Em um mundo de analogias se um quadrúpede tem rabo também pode ser aerodinamicamente racional construir aerofólios para os automóveis. No fracasso da hermenêutica os veredictos do Direito acabam se transformando em decisões arbitrarias embasadas por leis feitas fora do estado de natureza dos homens em vistas de um suposto aperfeiçoamento das relações sociais, mas que na verdade, contudo, acaba lhes sufocando. Em teoria dialética se resume todo o decurso dos debates da história filosófica entre os racionalistas e empíricos no que ficou intitulado como A Virada de Copérnico, elabora por Immanuel Kant. Na conjetura dos embates cognitivos ele afirma que ambos pensamentos estavam parcialmente corretas e equivocadas, pois o conhecimento humano só poderia ser gerado através das experiências feitas por meio dos sentidos. Entretanto, a mente não é um receptor passivo. De alguma forma secreta semelhante a uma caixa preta ela opera sobre os materiais do saber os moldando igual à água ao jarro. Não à toa, em consonância consciente ou não com as revelações de Kant, em décadas subseqüentes, os grandes estudos psicológicos behavioristas e gestaltianos se contrapuseram por um simples detalhe em que aqueles, de maneira simplista, definiam os processos da mente na unilateralidade dos estímulos-respostas enquanto estes assinalavam um fenômeno peculiar entre os instantes do input e o output. Pois bem! Se a anos a filosofia e a psicologia já vinham confirmando as reações do comportamento humano na aquisição do conhecimento, e portanto, na difusão de informações, então por que até há alguns poucos anos somente as teorias da comunicação em seus modelos informacionais nutriam uma fé incoerente nesse mecanismo de transmissão emissor-receptor como se o último fosse totalmente passivel? O exemplo é um clichê de um personagem de desenho animado chamado Homer Simpson. Vai ver que os verdadeiros Homers, ou ao menos os mais prejudiciais deles em efeito de larga escala, na hora do jornal estejam sentados do outro lado da televisão. E pela sua função social e alto grau de ética e competência profissional, não os encontraríamos em um sofá, mas sim em seus mezaninos em ambientes climatizados.



Ricardo Magno

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