5 de outubro de 2011

A Garota de Jeans


Garota de jeans. Dama de Imperatriz, a costurar na banda com os olhos, o bonito sorriso de pirata, que é acostumado a brincar com a silhueta dos Pica-Paus de Porto Franco. Esta menina se casará com o músico que desde pequeno a via dançando na praia. Agora ela está nas mãos dele enquanto Jesus surtado no meio da rua vende tickets para ir a deus. Olhando para trás ela apenas sorri. A avenida não é tão má.

Cravado em um bar a contar as luzes dos postes na estrada, o pianista dá o seu show no auditório observando tudo enquanto ela canta as canções. Pois as palavras ela sabe. A melodia ela solfeja.

Ela é a única estrela na face do céu a viajar nessa noite de avião. Os olhos morreram de dor pelas cicatrizes incuráveis. E mesmo assim, eles ainda enxergam mais do que o de muitas pessoas. Fria como Nikita, deve apenas ser nuvens nos olhos.

A rolar ao redor do globo em seu cantinho do mundo, ninguém nunca encontrará uma alma mais caridosa. É que ao lado do muro o coração humano é um cativeiro de neve com gelo pegando fogo enquanto soldadinhos de lata fazem uma fileira.

Do outro lado de qualquer vida dada no tempo, às nove horas de um sábado, a freguesia de sempre começa a chegar. Sentado ao lado, um velho homem está fazendo amor com seu tônico e gim. Toca-se uma lembrança que mesmo não se obtendo certeza correlação a letra, percebe-se que ela é triste e doce, pois quando jovens, homens vestem roupas de um homem jovem.

É este é o lugar onde garçonetes praticam a política enquanto homens de negócios vagarosamente se embriagam ao dividir uma bebida chamada solidão. E mesmo assim, ainda é melhor que beber sozinho.

Pelas veredas da via celeste, para esquecer um pouco da vida, tudo soa como um carnaval quando o microfone começa a exalar cheiro de cerveja, com a chegada de gorjetas depositadas no fundo do jarro. 

Ricardo Magno

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