27 de março de 2013

O Escriba





As palavras invisíveis nos dão o paladar do alimento das coisas que não digerimos.



Tem gente que sabe estudar. Outras aprenderam muito bem como se ganha dinheiro. Mas eu só sei escrever.

Tem gente que sabe namorar. Outros que só sabem beber. Mas eu balanço os cabelos e cai um monte de letras.

Antes mesmo de aprender a lembrar, de tudo o que me ensinaram, só isso eu lembro. E se o prazer é uma distração, então, não tenho ofício... Diversão!

Para guardar o especial só comigo, opto por fingir que não faço nada, enquanto em mim, dois se repartem, para que um viva a medida que o outro escreve.

Uso as letras igual os pássaros usam as asas e o egoísta se beneficia em prol de seus próprios interesses. O meu computador não tem binário. Ao invés disso lhe ensinei o dicionário.

Eu coço idéias. Escovo pensamentos. Penteio palavras. E vislumbro por horas uma playboy de páginas em branco. Pois é só isso que sei fazer. E isso não quer dizer que eu o faça bem feito. É fazer ou fazer... Ou então... Morrer.



Heitor Monte Cristo

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