As
palavras invisíveis nos dão o paladar do alimento das coisas que não digerimos.
Tem
gente que sabe estudar. Outras aprenderam muito bem como se ganha dinheiro. Mas
eu só sei escrever.
Tem
gente que sabe namorar. Outros que só sabem beber. Mas eu balanço os cabelos e
cai um monte de letras.
Antes
mesmo de aprender a lembrar, de tudo o que me ensinaram, só isso eu lembro. E
se o prazer é uma distração, então, não tenho ofício... Diversão!
Para
guardar o especial só comigo, opto por fingir que não faço nada, enquanto em
mim, dois se repartem, para que um viva a medida que o outro escreve.
Uso
as letras igual os pássaros usam as asas e o egoísta se beneficia em prol de
seus próprios interesses. O meu computador não tem binário. Ao invés disso lhe
ensinei o dicionário.
Eu
coço idéias. Escovo pensamentos. Penteio palavras. E vislumbro por horas uma
playboy de páginas em branco. Pois é só isso que sei fazer. E isso não quer
dizer que eu o faça bem feito. É fazer ou fazer... Ou então... Morrer.
Heitor Monte Cristo
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