Era
um tempo em que a gente não tinha cabeça para muitas coisas. Os pensamentos se
formavam como turbilhões. No espírito da cidade, e dentro de cada um de nós,
não havia perspectivas. Éramos corpos sem almas.
As
ruas eram sujas, feias e vazias. O trânsito era... Entediante. E mesmo assim nós continuávamos lá.
Com âncoras de milhões de toneladas amarradas nos pés. Sem querer estar lá, sem
ter pra onde ir... Não desejando nenhum lugar.
Naquele
tempo ninguém sonhava com um emprego que trouxesse estabilidade, mulher e
filhos esperando na porta de casa. Não mesmo! Tudo isso era preto e branco
demais. A vida sonhada era uma instalação do Monet. Já a realidade era uma triste e desoladora experiência de Edvard Munch.
Éramos
jovens e a turma possuía somente a si próprio. Nada de fora poderia ser mais
valioso. Todas as diretrizes eram criadas dentro dessa esfera. Facilmente acreditávamos
em todas as considerações.
Nossos
parentes mais próximos não nos entendiam. Nós não os entendíamos... Nós não
entendíamos nada. Tudo era feito para manter a harmonia da irmandade. Vez por
outra, um sempre chegava com a cabeça quente. Em questões de segundos esquecíamos
os monstros.
Em
conseqüência da melancolia, havia muita pusilanimidade e ócio. Para suportar,
enfrentávamos tudo isso com doses homeopáticas de cultura. Ninguém era muito
inteligente. Ninguém sabia muito. Nos virávamos com todo o tipo de conhecimento
que estava ao alcance. E vez por outra, quando o balde enchia, bebíamos.
Bebíamos muito. Bebíamos muuuito mesmo! Pois estava totalmente fora de
cogitação se enquadrar no sistema. Lááá... Nunca houve nada para nós.
Heitor Monte cristo
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