Me divirto ao misturar palavras e sentimentos, ou, às vezes simplesmente em deixá-los como são. Pois quando escrevo, gero vida. Tiro um pedaço de mim e a “poesia” fica de corpo e alma. Por hora, digo o que penso ou digo sem pensar. Porque criar é um dom e saber ser dissimulado é uma arte.
Eu não invento, eu não crio o que escrevo. Eu não passo horas e horas debruçado sobre uma folha em branco analisando, estudando e calculando friamente os sentimentos a buscar a melhor forma de organizar as palavras para obter a expressão literária desejada. Eu não faço nada disso!
Como um espírita que psicografa cartas, assim sou eu. Apenas um veículo anastomótico ligado entre o mundo das idéias e o mundo dos sentidos, através do qual as sensações anímicas e oníricas recebem a efêmera extensão da materialidade.
Quando penso que não, minha alma vai além de meu corpo, se confunde com a surrealidade e me mantém com os desejos impossíveis. Trancado dentro de mim mesmo, igual a uma criança medrosa, estou em um lugar onde as lágrimas não respingam em mim e o choro não pode me alcançar.
Ignorando os lugares de onde vim e a vida das pessoas por quem passei, agora, apenas escrevo apavorado pelas circunstâncias do destino. Prometendo para mim mesmo nunca mais escrever letras borradas em papeis amassados, me deito no tempo e deixo-o ir embora.
O escritor, o poeta nada mais é do que essa máquina fantástica canalizadora das duas extensões da natureza humanas (corpo e alma). Ele se faz apenas como um meio, um instrumento de ligação da hipersensibilidade dotada pelo cosmo universal à dar luz e forma física a anti-materialidade.
Com cada um trepado nos seus galhos, quando a sociedade se transformou em um bando de macacos, eu sou obrigado a pedir desculpas aos macacos.
Ricardo Magno
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