29 de novembro de 2010

A Cigarra e as Sardinhas







Quando mal consigo sentir o que escrevo é porque já deu o que tinha que dar. Desejo sorte a todos vós que ainda estão em alto mar, e principalmente para aqueles, iludidos e ingênuos corajosos que mesmo vendo a procela dos outros ainda anseiam por entrar. Mas eu, com o pouco que a onda já lavou os meus pés, enjoei o bastante de cada gota de água.

Quem foi que disse que é o homem que perverte a mulher? Pois todas elas já nascem umas pervertidas, só esperando uma desculpa para por a culpa. O homem! Este é o culpado de todas as coisas.
Tudo o que devo iniciar acaba antes mesmo de começar. E a mim pouco importa eu me interessar. O amor prega peças. Mas, no entanto, já não estou mais conseguindo si quer ser tachado.

O melhor dia do mundooo! É sexta-feira. Tenho quase certeza que foi em uma sexta que os escravos foram alforriados e Adão comeu a maçã de Eva. Sábado só não é perfeito porque a perfeição é uma obrigação neste dia. Com obrigação as coisas perdem a graça. Domingo já é uma merda, aquela merda de sempre! O domingo é escatologicamente o prepúcio de uma segunda-feira qualquer. E o mais legal é porque todos os dias da semana, a partir de quarta, podem e são diferentes. Mas a merda da segunda e todas as suas obrigações morais cívicas se fazem sempre como a mesma bosta! Só há um salvo-conduto para a segunda. Ela é oito ou oitenta! Segunda é o melhor dia do mundooo! Para se beber. Disso, não tenho a menor dúvida. Beber do melhor que tiver, de tudo o que puder, quando convier, do jeito que quiser e implicitamente rompendo todos os malditos e idiotas dos tabus. A bebedeira de segunda incomoda muita mais do que a de qualquer outro dia. Ela é uma crítica subliminar ao modelo de organização social em que vivemos. Um não bem grande na cara dos reles e demais mortais. Humanóides escrotos! Por isso é que eu prefiro ser a cigarra - viver tudo de uma vez só e estourar o peito de tanto gritar. A vida de enlatado, deixarei para as sardinhas.

E para começar e terminar a liturgia, te darei dois beijinhos na testa. E serão justamente esses dois beijinhos que ti farão nunca mais esquecer de mim.

Ricardo Magno

2 Comentários:

Waldir Moreira Jr disse...

Belo texto, com humor na medida e fluidez idem! Valeu.

Ricardo Magno disse...

Eu é que agradeço. Abraço!