6 de dezembro de 2010

Águia




Recuperou o corpo, mas o coração ainda não foi regenerado. Desperto ao amanhecer, pôde compreender que tudo não passava de um sonho. Ao deixar nascer o sol dentro de si, conseguiu se libertar para o chamado do infinito. Enquanto os cientistas compartimentaram e isolaram tudo, a teia de relações complexas ainda não foi desmembrada.

Quem é filho do sol, desde pequeno, aprende a sorvê-lo pelos olhos. Na direção da luz, aprende a acostumá-los com o resplendor solar. Do amarelo brilhante ao alaranjado forte, os tem nas cores típicas da natureza; e somente mais tarde em busca de presas, possuídos pelo castanho, assumem a cor da terra.

Numa manhã esplêndida, devolver a identidade perdida e reanimar o coração adormecido. Assim confirma a ponderação. Mas quando o sol despontar fagueiro por detrás da noite com seus raios doces e a natureza ressuscitar cansada do langor dos dias, as montanhas serão suas únicas companhias.

Amigo dos Alpes e filho do sol. Em contanto com o infinito, anima o coração e volta para si depois de um longo sono. O último impulso é sempre pela vida. Então, supera o medo, abra suas asas potentes e voa para o alto, pois para morrer, não precisamos ser impulsionados.

Segurado por um bom espaço de tempo na direção dos raios, seus olhos se iluminaram e encheram do brilho juvenil de um alaranjado forte. Com o calor irrompendo de dentro da alma, agora ele pode renascer da morte. Pertencente ao céu e não a terra, se mostra como é de fato: Abre os olhos e bebe o sol nascente. Soberbo sobre o próprio corpo, ergue-se sobre si mesmo. Medi a imensidão do horizonte e voa na direção das nuvens até se fazer único com o azul do firmamento. Águia! Voe e nunca mais volte.


Ricardo Magno

0 Comentários: