Terra onde não há flores,
terra que se chora. Lugar fétido e crônico com raízes e espíritos profundos é
esta que ao crepitar anseia por uma vontade de ter pensamentos. Mas pensar
provoca um cansaço no corpo e isto dá sono.
Um beijo entre tantos, um
sorriso entre poucos, quem sabe o que é ser um ser humano? Chorar, rir ou não
chorar. Quem não sabe? É no aroma de uma velha vadia que sinto meu espírito
encher-se de insensatez e satisfação. E isto é sempre um alvorecer de um novo
dia, um equilíbrio de sonolência, imperativo de mudança.
Senhora de braços longos,
longos de desejos e devassidão. Braços de trilhos e de vazios vagões lotados de
escravas almas perdidas cheias de fome. De tão vis e imundos, não se sabe nem o
começa e o fim dos seios e da barriga. Local onde reina a sabedoria divina e o
imoral fracasso do desejo humano amaldiçoado por um amaldiçoado humano, que
sempre se reclina em mamas caídas e enrugadas, no qual há sempre um chamado
apelativo nos convidando para extrair aromas de uma mortalidade luxuriosa,
entre gargalhadas e muitos choros à pratos cheios de liberdade espiritual.
Corpos opacos e ocos em uma tristeza embriagante ao iluminar a clarificação dos
caminhos da interioridade, antes perdidos, mas agora sempre prontos a dar mais
um passo na marcha da ninfomania.
Na frente da grande
estrela, a parte frontal é um desvario de sacanagem carnuda acima de ambas as
coxas, local selvagem, morada dos deuses, no qual muitos já caíram ao
tornarem-se mortais, e mortais que viraram deuses.
Um longo beijo tu tens,
mulher da carne fria! O teu abraço gélido e mortal já não causa dor, pois morto
sou agora dentro deste teu macio cemitério de cristal! Andar entre os mortos e
navegar por rios de libertinagem é minha causa! Resgatar defuntos, abrir os
crânios de zumbis entre as loucuras de um prazer que tu constantemente me fazes.
E por mais efêmero que ele seja, senhora! Não desistirei! És o meu grande mito!
De onde eu vim e por onde
devo sair? Nascituro que sou! Um
propósito preciso para uma urna de verossimilhança da vida e da violação! Eu
próprio! O coveiro de meu túmulo, as cinzas de minha caveira, cavarei minha
tumba e me sepultarei aqui neste lugar, no meio do gueto das ancas de tuas
coxas gêmeas, trêmulas e moles.
Ricardo Magno e Ezequiel Magrini
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