25 de maio de 2011

Neocangaço: Um terremoto no Nordeste







Eu não quero ser irmão de quem não quer ser meu irmão. Eu não quero fazer discussão onde não há diálogo. Mas quando o meu padrinho, padre Cícero reencarnar em um novo Lampião e o novo Lampião reencarnar na terra, pela primeira vez se verá um terremoto no Nordeste. Neocangaço! Se os skinheads sulistas defendem as ideologias nazistas, o espírito de Lampião fará jus aos homens modernos do sertão.

Não sou a favor da violência e muito menos de ser vitimado. Não sou a favor da xenofobia e muito menos de ser discriminado. Não precisa jogar na minha cara os déficits de minha região e os indicadores sociais baixos. Já se esqueceram de que sou eu quem sente na pele o que vocês tomam conhecimento nos jornais?  Mas a verdade é que ninguém tem mais ou menos sorte de ter nascido em um ou do outro lado.

Agora limpem a própria bosta ou deixem a casa toda se transformar em privada. E de todas as violentas formas de preconceito uma das piores é a do irmão contra o próprio irmão e a do dono do corpo contra o dono da própria alma... Daqueles seres podres, mentes fracas que têm vergonha do agreste. Só não entendo é como a patricinha preconceituosa do centro-oeste adora chupar e gozar no pau do potiguar. Pois se cada pessoa sabe de um jeito, o meu é melhor. E em tudo o que tu fores ruim ai no sul, eu serei aqui muito pior. Mas para qualquer efeito de dúvida, se um dia o juiz me perguntar algo, respondo em nome da legítima defesa ou exercício regular de um direito.

Se fosse um livro, no capitulo “Em filhos do clichê”, tu lerias que eu sou um homem alto, sadio e forte que nasceu no berço da miséria. Provido de faculdades mentais nobres, eu sou a prova de que mesmo em terras inférteis sementes podem dar frutos vigorosos. Eu sou a prova de que a adversidade também pode ajudar a desenvolver potencialidades. Eu sou a prova de que em meio a muitas provas o nordestino não nasceu para o exército de reserva - mão de obra desqualificada - e muito menos para a esmola. Eu sou a prova, eu vejo provas, e eu tenho todas elas!

Se é mesmo verdade que não existem fenômenos morais; então, através da interpretação moral de alguns deles não seria de se estranhar achar o macro sistema vida desonesto. E se há nexo entre corpo e miséria, é no impulso de dominação biopolítico do cálculo sobre a vida que o torturador tenta se fazer poderoso sobre o torturado, o senhor sobre o escravo e o animal humano sobre o não humano. Mas dentro de minha casa! Não cometam o erro de tentar me reduzir a um substrato conquistado. Pois desde a dominação feudal por meio do poder pessoal do senhor sobre o vassalo aos poucos se extinguia nele o que ainda era digno de louvor em um ser humano.

No signo do poder e do domínio como objeto ou coisa inanimada, a distinguir a existência e a realidade no desencantamento da natureza, tão fúria não deixou escapar nem o próprio homem. Esta é a tão falada microfísica do poder e a regra de ouro da “elite” de qualquer merda que eles acham que sejam. Porém, sempre que vos vejo eles estão sempre agindo como títeres cegos ao processo que os regem, presos na cama de gato das cordas invisíveis do acaso e desígnios superiores, e sem perceberem, tornam-se reféns do próprio destino sob a forma da mais draconiana lei das “Cinco Dores” como nos serve de exemplo a mórbida história do miserável chinês Li Si.




Ricardo Magno


2 Comentários:

cso disse...

ótimo texto cara! Parabéns

Ricardo Magno disse...

Valeu, cara. Abraço!