O Coletor

Os passeios na mata eram fatais. Em contato com a natureza, adoradores fazem amor nos bosques. Franjinha na testa e uma bota de pele de animal. Mulher feia é um bônus da natureza. De outro modo não haveria como todos os homens se ajeitarem.


Se toda pessoa tem o direito de mentir, já não é permitido ser pego em contradição, pois um momento feliz só é reconhecido depois que passa. No dia do hemograma completo, um sinal de que daria merda. Ela seguia com um penteado que dividia o cabelo ao meio só para deixar dois rabos.


Pós-prandial básico só serve para averiguar a diabete. No outro dia bem cedo se faz a primeira coleta. Uma veia quase estoura por entre as carnes do antebraço, enquanto a açougueira de seios fartos fazia barulho ao dar tapinhas que avermelhavam a pele.


Um gesto vale mais que um castigo quando é chegada a hora do retorno para a segunda coleta. Por intermédio da casualidade, duas mentes entram em sintonia, um presente nunca deve ser desperdiçado. E somente os mais aptos são capazes de detectá-los. E apenas os mais aptos dentre os mais aptos conseguem aproveitá-los. A intempestividade sempre vem acobertada por uma nuvem de sexo.


Já pela décima vez que o braço se mantinha esticado, mal se sabia onde entravam as agulhadas. Ela levantou uma das pernas, colocou sobre a cadeira em que se produziam as amostras, e com as mãos em forma de coração no meio da virilha, me mostrou onde ficava o coletor de esperma.




                                                                                                                          Heitor Monte Cristo