31 de julho de 2010

O espetáculo de Guy Debord na vila Alpha

Quando o fogo se torna único com a madeira, ele lhe dá a sua natureza. Ninguém viveu no passado e ninguém viverá no futuro. O presente é a forma de toda a vida. Esta forma não pode ser mudada por quaisquer meios. O tempo é como um círculo que dá voltas eternamente. O arco descendente é o passado, o arco que escala é o futuro. Tudo foi dito contanto que palavras não mudem seus significados e significados suas palavras.

Não é obvio que alguém que vive costumeiramente em um estado de sofrimento requeira um tipo diferente de religião de uma pessoa habitualmente em um estado de bem estar? Antes de nós nada existiu aqui. Nós estamos totalmente sozinhos. Nós únicos, terrivelmente únicos!

O significado da palavra e da expressão, não é mais compreendido. Uma palavra isolada ou um detalhe de um desígnio podem ser entendidos; mas o significado de todos os escapes, não. Uma vez que conhecemos o número dois porque um mais um é igual a dois, esquecemos que primeiro nós teríamos que saber o significado de somar.

Cada sentimento particular é apenas parte da vida, e não a vida em sua totalidade, a vida desejada por uma completa multiplicação dos sentimentos como que redescobrindo a si mesma em toda sua diversidade. No amor, o separado ainda existe, mas existe dentro do conjunto, não fora dele: um reencontro entre vivos.

As imagens que se desligaram de cada aspecto da vida fundem-se num curso comum, onde a unidade desta vida já não pode ser restabelecida. A realidade considerada parcialmente, desdobra-se na sua própria unidade geral enquanto pseudomundo à parte, objeto de exclusiva contemplação.

Como um inversão concreta da vida, o mentiroso menti para si mesmo em um movimento autônomo do não vivo. Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e o consumo que decorre dessa escolha.

No mundo irreal e invertido o espetáculo aparece como sua finalidade, no qual o verdadeiro é um momento do falso, fazendo dele a mais absoluta afirmação da aparência a representar uma forma de negação visível da vida e uma negação da vida que se tornou visível.

No monopólio da aparência o que aparece é bom e o que é bom aparece, assim submetendo os homens vivos à medida que a economia já os submeteu. E isto não é nada mais do que a economia desenvolvendo-se para si mesma. É o reflexo fiel da produção das coisas, e a objetivação infiel dos produtores.

Na medida em que a necessidade se encontra socialmente sonhada, o sonho torna-se necessário. O trabalhador não produz a si próprio, ele produz um poder independente. Pois na história, o que faz a diferença mesmo é a energia e a determinação com que são perseguidos os objetivos que se quer alcançar.



Ricardo Magno

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