3 de agosto de 2010

A meu modo e a marca da vileza dos otários

Quando comecei a ler literatura, filosofia, psicologia e as demais ciências e artes afins, nada me pareceu mais intrigante do que a identificação de pensamentos, idéias e conflitos, ao longo das épocas, que também habitavam dentro de mim.

Desde a pré-história aos pré-socráticos e pousando nos filósofos da atualidade ao encadeamento das grandes revoluções históricas, em cada data e momento que me dediquei a estudar, analisar acabei identificando sensações e emoções originadas em tais épocas que até agora ainda existem em mim, me levando a comprovar a experiência de vida autêntica do meu querido Walter Benjamin.

Do conflito barroco entre o amor e o sexo, brancos e negros, o sagrado e o profano. O sentimentalismo exacerbado e idealizado da impossível realidade das paixões ultra-românticos dos jovens homens sofredores de outros tempos, aos guetos e redutos habitados pelos seres compostos pela carniça de um naturalismo qualquer. Em todas as tendências pude me assemelhar com um pensamento da época.

Existindo em um momento histórico onde as raízes não têm lugar e a vivencia do choque eletrocuta a vida de todos; as moving roots imperam em uma humanidade nada humana que põe em voga o estilo de vida cosmopolita ao jurar de pés juntos que o homem foi à lua e, no entanto, mal consegue imergir no aprofundamento da própria alma; fazendo o apelo se tornar mais forte devido os avanços tecnológicos dos meios de transporte e comunicação.

Ao tentar estabelecer “tópicos” (os marcadores) e reorganizar minha “obra” de uma maneira que fosse ou aparentasse ser mais lógica, logo pude perceber que só havia criado endereços para casas em que ninguém habitava. Daí iniciou-se o meu conflito.

Mas se for verdade que deus não dá um problema sem solução, foi então que pude perceber que a crise que me assolava fazia parte da nova ordem do mundo das idéias em meio a todo esse “novo helenismo”. Em meio à “repetição” contemporânea dessa conjuntura holística pós-moderna, fica difícil um “escritor” se classificar com uma única tendência de escola literária. Pois hoje, seria descabido tentar organizar nosso passado dentro dos livros desta forma.

As tendências e inclinações sempre irão existir, mas nada que se aproxime de uma organização bem estabelecida e sólida quanto tão linear ela pareça ser em outras épocas como em nossas enciclopédias de história.

Por isso, ainda na busca de uma “certa coerência incerta” que meus textos devem provocar, cada marcador, por assim dizer, não é um tema bem definido e confiável do que possa vir a ser cada conglomerado de frases contidas neles. Eles são apenas endereços para um carteiro cego.
 
Vez ou outra, não estranhem se um dos “manuscritos” ultrapassarem um dos rótulos de suas “fronteiras maleáveis”, e, acabarem sendo encontrados no inimaginável, inclassificável. Pois a mais pura verdade é que ambos, em diferentes classes, mantêm-se constantemente interligados contrapondo-se ao método cartesiano de análise e fazendo jus à Teoria do Pensamento Complexo de abraçar o todo como Edgar Morin sempre o faz.

Correlação ao meu processo de criação, os parnasianos estavam errados com o que Adorno há muito já havia classificado como A Primazia do Todo em Relação ao Indivíduo. Mais me assemelhando aos simbolistas, opto, inconscientemente, portanto, contra a minha vontade, em deixar ao menos a priori, de lado essa pífia e tão vã busca pelo guia de fórmulas do sucesso pré-fabricado e, num ato artístico e literário quase suicida, fazer minha “obra” se igualar ao processo de criação simbolista, dadaísta e surrealista para somente depois ir buscar saber o que as pessoas acham.

E esta foi à forma que achei, a fórmula que criei para tentar, ou, ao menos não me equiparar com a marca da vileza dos otários que predomina por toda grande parte da sociedade.



Ricardo Magno

2 Comentários:

Unknown disse...

Ricardismo! Escola Ricardista, ou Ricardiana... Cai e soa muito bem. hahaha!

Keep writing...Mr. writer.(And you never die...)
Gostou do trocadilho? hahaha. Aproveitando eu lembrei de uma frase boa do Johnnie Walker
"Eu posso alcançar a imortalidade: basta não me desgastar.Você também pode alcançar a imortalidade: basta fazer apenas uma coisa notável." Portanto, esse é o caminho, my dear!

Au revoir...
;)

Ricardo Magno disse...

Há Há Há! Sábio filosofo, o nosso Jhonnie Walker. Tenho apreço por toda a sua linhagem, desde o mais popular Red Label ao mais badalado Black Label e o atípico Blue Label à chegar nos bastardos falsificos.
Valeu, Juh! Belissímo comentário. I love youuu!