28 de julho de 2010

Simplesmente

Às vezes, tenho fortes indícios de que Sófocles era um cara sufocado enquanto não ter nascido pode ser a maior das dádivas.


Há muito tempo venho passando por uma fase difícil, e ao olhar em minha volta, fico um pouco mais triste.


Há muito venho passando por um momento de privações, e olhar para dentro de mim, me exige bastante calma.


É que estou seguindo a sina do escritor inacabado que é inteligente mas substancialmente não consegue nada. Não sei se vai durar para sempre, mas se perdurar, como me manter?


De um lado vejo meus amigos ricos, do outro, meus amigos pobres. No entanto! Sei que não faço parte de nenhum dos lados, pois sou o homem da síntese de todos os traços.


Um homem rico e um homem pobre não passam de dois homens médios. E para mim, não há nada nisso que me interesse.


Por uns se perderem ao se vangloriarem de tudo, a meu ver, é justamente isto que os tornam mais fracos. Enquanto os outros se martirizam por nada terem, e a meu ver, é justamente isto que os tornam mais vulneráveis.


Ao assistir Mississipi em chamas, lembrei do quanto gostaria de assistir A cor púrpura. E não é porque foi o primeiro filme da Whoolp Goldberg, e não é porque eu pensava que a trilha sonora era Purple rain do Prince, e não é porque todos o adoram. Simplesmente porque deve ser um ótimo filme.


Não sei se um dia irei chegar onde quero, não faço a menor idéia de onde quero chegar. Mas às vezes, meio de soslaio, sinto uma forte força me tocar e é ela que me faz querer continuar mesmo tendo um futuro tão incerto quanto poeira no deserto.

Ricardo Magno

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