16 de agosto de 2010

O rei da pilantragem


“Namoro garotas de 16 anos desde que tinha 18. Não é agora que vou parar”


Mais um momento crucial da história dá música popular brasileira, foi um instante transformador dos rumos da cultura deste país enjoado. Carlos Imperial chegou para o jovem Roberto Carlos e deu o toque: era melhor parar com aquela história de imitar João Gilberto, violãozinho, mãozinha de aranha no acorde difícil, voz baixa. O negócio era cair no iê-iê-iê. Daí pra frente tudo foi diferente, e um país inteiro, bicho, aprendeu a ser gente.
Imperial enganjou-se na difusão pioneira do rock’n’roll em Copacabana, ainda na segunda metade dos anos 50. Priscas eras em que o sujeito que quisesse profanar seus quadris com aquele ritmo tinha de confiar em Cauby Peixoto.
Em 1958, arrastava Roberto, Erasmo, Tim Maia e Renato & Seus Blue Caps para tocar em nome de um certo “Clube do Rock”, o mesmo do programa que Imperial sublocava de Jaci Campos na TV Tupi.
Ele também inventou Erasmo Carlos, seu assessor na Revista do Rádio, onde pilantramente plantava notas do tipo “Erasmo Carlos, o Brasil ainda vai ouvir falar muito desse rapaz”. E por falar em pilantragem... Imperial queria tirar o samba dos comunistinhas universitários e bolou uma coisa na linha “samba jovem”. Reza outra lenda de duvidosas fontes (o próprio Imperial) que Simonal ouviu a música-emblema do “movimento”, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”, e saiu cantando antes. E aconteceu ainda que Imperial foi parar na boca da Brigitte Bardot, que gravou “Nem Vem que Não Tem” como “Tu Veux ou Tu Veux Pás”. Quer glória maior? Pois tem. Imperial lançou Elis Regina (ainda imitando Celly Campello) e Clara Nunes.
Outros louros em sua biografia: as pornochanchadas que produziu, os programas de TV que apresentou, as lebres que abateu... Ele foi um pioneiro do uso da mídia e da polêmica na divulgação de seus “produtos”.
Entrou e saiu várias vezes do Partido Comunista, antes de ser, em 1982, o vereador mais votado do Rio de Janeiro. Em 1985, foi, sem sucesso, candidato a prefeito da cidade. Mas ninguém tira dele a glória de esculhambar o AI-5 com sua prisão, motivada por um cartão de Natal de “Feliz 69”, enviado a autoridades e ilustrado com uma foto sua sentado na privada. Em maio de 1992, Imperial podia ser visto posando de sunguinha e debaixo dos lençóis com sua nova namorada, Jana, uma amazonense de 14 anos. Em novembro do mesmo ano, morreu, aos 56 anos.

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