16 de agosto de 2010

Sem palavras


Na virada dos anos 60, o rock brasileiro ainda se esforçava bravamente para estabelecer seus primeiros ídolos populares quando o estilo foi varrido por uma nova onda – a das “guitarras que cantam”.
Era a insuspeita moda dos grupos de rock instrumental, propagada pelos ingleses do Shadows, os americanos do Ventures e reafirmado por gente como The Tornados ou Duane Eddy, todos substituindo a linha melódica dos vocais por rascantes guitarras elétricas. Assim, impulsionaram dezenas de grupos brasileiros a arriscar manobras sonoras que exigiam grande perícia. Rapidamente, o rock instrumental se fundiu à nascente surf music e ao twist, criando um sólido terreno para música jovem que seria praticada nos anos 60.
Na verdade, os grupos instrumentais surgiam como simplificação juvenil dos chamados “conjuntos melódicos” – big bands de salões de dança dos anos 50. O gênero caiu como uma luva diante da dificuldade em adaptar – ou mesmo compreender – as letras em inglês do novo ritmo e aproveitou-se de um cenário ainda precário em relação a ídolos jovens. Um dos conjuntos mais expressivos, responsável por dar credibilidade ao rock nacional em seus primeiros anos, foi o The Jordans, que apareceu na TV pela primeira vez em 1958, no programa de Tony e Celly Campello. Na estréia em disco, A Vida Sorri Assim!..., de 1961, além de versões convincentes, o grupo liderado pelos guitarristas Sinval e Alladin conseguiu permanecer diversas semanas nas paradas com “Blue Star” (Victor Young).
Outro nome importante na arte do acompanhamento, o The Clevers foi um caso raro de contribuição autoral do rock instrumental brasileiro, com “Clevers Surf” – isso antes de se tornar Os Incríveis, em 1965, e alcançar grande sucesso com a versão de “The Millionaire”. Outros nomes que fizeram parte da turma da praia foram The Rebels, Top Sounds, Bolão & Seus Rockettes, The Sparks, Os Santos, The Avalon, entre outros.
A dificuldade em emular o som das bandas estrangeiras com a tecnologia inferior das guitarras nacionais, só não foi maior do que competir com os novos ídolos da jovem guarda em meados da década de 60. Para uns, a saída foi tornar-se definitivamente uma banda de apoio.


Fonte: Revista Super Interessante espcial história do rock 

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