18 de outubro de 2010

Cartas

Nunca consegui avaliar com o devido grau de precisão até que ponto os motivos são verdadeiros e até que ponto eles apenas me servem de desculpa. Mas em meio a tudo isso, agradeço aos amigos que se dizem verdadeiros! Embora o ser humano não necessite tanto assim de verdades, o calor humano às vezes nos basta.

Quando não é o meu time que está jogando, faço questão de sempre torcer pelo time que está precisando. E não é que eu seja um cara tão humanitário, pois dentro de mim habita um pouco de sarcasmo. Só que, desde muito cedo eu aprendi que na tragédia dos comuns todos são prejudicados.

O que menos desejo no mundo é fazer alguém sofrer. E justamente agora, na hora em que tenho que confessar que sou um cara meio complicado. No entanto, sinto que a única coisa que posso fazer é te mandar algumas cartas.

Somente pelo simples fato de decidir não fazer nada, mobilizam-se centenas de células nervosas. Pois a lei da inércia devia se adequar às moções internas. Sempre nutri um receio por novas experiências. E nunca ocultei esse temor de ninguém! Talvez seja porque minha glândula hipófise esteja meio desregulada, com adrenalina correndo nas veias 24 hs, fazendo com que eu me sinta sempre em situação de risco.

E quanto mais busco me conhecer é que percebo que não sei nada. Quanto mais busco me dominar é que entendo o quanto pode fazer falta as mãos na direção de um carro desgovernado. Quanto mais tento me controlar mais compreendo o quanto minha presença despretensiosa pode ser nociva e desnecessária. Não tirando uma vírgula do que Nietzsche disse: “Para a tarefa da reavaliação dos valores seriam necessárias mais faculdades do que jamais existiu em um só indivíduo... E nisso pode-se manifestar uma grande inteligência”.

Do mais, se eu continuar assim, a única coisa que pode acontecer comigo, é eu morrer de TAS.

TAS: Transtorno afetivo sazonal


Ricardo Magno

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