4 de outubro de 2010

Doces bobagens

                   Eles aprendem com o que vêem enquanto eu sei mais é através do que sinto.
Eles precisam correr o mundo pra saberem de algo enquanto em mim o mundo corre dentro. Nas minhas veias passam vias, rodovias e carros, pois o meu coração é um dos maiores main frames do universo.
Eles se sentem melhores do que eu só porque conhecem outros mundos dos quais só ouvi falar. Quanto a mim, me sinto melhor do que eles porque mesmo nunca tendo conhecido diversos lugares, os sinto mais do que aqueles que um dia estiveram lá. E isto vos incomoda porque é esta a única forma que eles acharam para suprirem os seus egos infláveis.
Nos enganamos com nossas inverdades, nos ludibriamos com o nosso alter ego e fazemos de tudo isso uma doce bobagem.
Só que agora estou mais esperto do que antes e posso ver claramente suas insinuações invejosas. Eles não mais me ferem tanto quanto eu a mim mesmo.
Superar a mim mesmo! Esta é a marca do campeão. Por isso sofro duplamente e inevitavelmente porque, enquanto todos se digladiam uns com os outros, eu duelo comigo mesmo. E minha maior dor vem daí. De ver a festa, ser convidado pela música, mas nunca dançar.
Todos sentem quem sou. Todos sabem do que sou capaz. Ninguém dúvida de minhas dávidas enquanto todas elas morrem dentro de mim, e eu pouco a pouco vou morrendo com elas.
Os bloqueios estão sempre fechados me fazendo se sentir incapacitado de realizar as obras que quero. Então começo a me comportar de uma forma que não quero, começo a ser alguém que não sou só porque meus passos estão atados por um monte de processos psicológicos que nem todos os livros do mundo conseguem explicar. Cansado ou não, insisto em buscar respostas.
Só não paro porque não há como parar. Só não desisto porque não está em minhas opções esta escolha. E a cada dia que passa me sinto mais distante da fonte de tudo.
Mas se um dia as algemas se quebrarem e todo o meu potencial jorrar subitamente, então as pessoas conheceram um monstro de verdade. O verdadeiro filho da posteridade.
Interromper os velhos manuscritos e começar a escrita da verdade. Porque talvez em meio a toda essa confusão eu tenha encontrado a porta e seu caminho e tudo o que ninguém mais poderá achar.
Será muito doloroso um dia morrer e saber que não venci o único inimigo que tive em vida, o motivo de minha história.


Ricardo Magno

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