29 de outubro de 2010

Inquilinos





Ela faz samba com as batidas de meu coração e sapateia sobre o meu miocárdio. Assim logo passa a semana inteira enquanto ela não para de me fazer essa besteira. Por isso é que o carro passa e o cachorro nem quer ir mais atrás.

A flor compensa no perfume a falta de sabor. O coração de uma mulher é cheio de camadas. E ai do homem que conseguir encontrar a infinitésima parte! Mas a cada dia que passa menos importam os obstáculos da caminhada. A cada instante que passa, aperto o passo e seguro mais firme na mão de deus, pois sinto que quase estou chegando lá.

Agora fica mais fácil compreender claramente os desígnios do pai. Agora prevejo a hora exata em que irei ser castigado. E, enquanto ele me bate, percebo pelo semblante de sua face que dói mais nele mesmo do que em mim.

Estou disposto a tudo, a ir no mais distante dos mundos, aprender o idioma dos loucos só para falar o que ninguém entendendo, mas somente dizer a verdade. Lanço mão fora das subjetividades e prossigo firme pela marcha da morte. E se é para um fim que aqui estou, então o fim também deve estar aqui por minha causa.

Nem sempre a casa é velha quando é uma velha é a dona da casa. Mas esta é! Foi assim que a conheci pelo nome: quinquilharias! Mais parecendo um título dos contos do meu querido amigo Machado.
A casa é velha, mas é nova para quem está chegando nela agora. História sobre história. Um ciclo termina sempre que outro inicia. Mais um ciclo se fechou e outro abre-se diante dos olhos. A linha do tempo se esvai e começam-se novas ações dentro das velhas. As paredes protegem muito mais do que os limites da casa. Em um tijolo cabe mais lembranças do que a cavidade dos quatro cantos de um coração.


Ricardo Magno

1 Comentários:

Gonzo Sade disse...

Seja bem vindo à boca do Bacurí, meu irmão. Por aqui os furos dos tijolos de tua nova moradia acolherão as vertentes de tua nova alma.