2 de dezembro de 2010

Griselda




Após as jornadas de lutas em torno dos muros de uma tal de Tróia, a lembrar os personagens da Ilíada em um novo incentivo para a expansão, cumprimentou como se fosse um menino que imita os heróis fazendo alarde de seu triunfo: “Veni, vidi, vinci”.

Pontualmente tal como exige um coração amante, próximos de nós nunca seremos unânimes. Na cadeira de balanço da mente de um homem insano, na eterna luta da consciência contra o império da morte, onde nada mais é possível de ser escrito em palavras, pode habitar o mais cruel dos bons vivants.

A partir dali, empunham-se as agulhas mentais a tecer em profusa variedade de pontos as vestes mais seletas e celestes que almeja no futuro trajar um homem. Mas, estando em cacos os pedaços da alma, se faria melhor trocar o corpo por outro amo.

Entre as árvores frondosas, a silhueta de uma donzela, cujo, a fiel partícula da consciência que jamais abandona a vida mesmo enquanto ela está permanentemente sob os efeitos do sono, reconheceu o espírito que vagava por detrás dos olhos daquele anjo.

Semidesfalecidos estão ágeis corcéis a puxar uma carruagem robusta que parece deslizar ao rés do chão impelido pelo vento. E não conseguindo afastá-la da mente por meio de conjecturas infrutíferas, ele é rendido pelo sono dormindo até bem tarde manhã adentro. Tomado pela inquietude, sua figura o subjugava. Vivamente impressionado, um ruído de persianas desvaneceu a visão dormente, de tão ávido que haviam ficados gravados em sua retina mental as recordações ainda nítidas de um passado morto.

Não lhe produzindo mais estranheza alguma, uma deliciosa placidez o envolvia ao participar da cena em que ele era o protagonista de uma luxuosa mansão que agora lhe servia de cômodo. Escondido atrás de cento e quarenta caracteres em uma cidade de merda, sem sentir a menor falta do que nunca teve a vomitar tudo o que sabia pelo intermédio de palavras.

Com a impossibilidade de fazer planos para o futuro, pois não tinha a sapiência do que estava vindo a se tornar, tudo estava fudido, vivo ou morto, saudáveis ou não, enquanto, por dentro, tudo se perdia em voltas em um labirinto descendente na forma de espiral. Aqui fora, qualquer linha, sinal de fumaça, era capaz de confundir tudo e se tornar a queda.

Mas, de tanto se escrever vai se dissipando o homem. Pois, o sentimento e os desejos da carne vão desgastando as necessidades com o tempo. Estando no meio de tantos parâmetros, o difícil é encontrar alguém inquestionável que tanto o mereça. E sempre que duas coisas acontecem ao mesmo tempo, somente um lado pode ver enquanto o outro é totalmente indiferente. Sem nenhum Phd ele vai fingindo saudade, fingindo sofrer por ter descoberto que as coisas justas da vida não se pagam com dinheiro. Porque abaixo da pele se encontra uma felicidade subcutânea.

Depois daquele transporte psicológico acontecido nas fronteiras da consciência, ele começou a experimentar os sintomas precursores da puberdade espiritual, e sentiu-se pesaroso ante a possibilidade de futuras oscilações em seus pensamentos. Agora, robustecido pela mão do tempo, os caracteres definidos de sua constituição moral e psicológica estavam delimitadamente prontos.

Talvez, pelo fato dos pensamentos aparecem anelos desmedidos, ilusões e temores se misturam com freqüência. Mas, ao desvanecer o temor das dramáticas mudanças que costumam obscurecer o céu da vida conjugal, logo se chega à dedução de que quando as almas conseguem sobrepor-se à fascinação dos sentidos, atraídas pelas afinidades espirituais, a compreensão das respectivas aspirações se ampliam e é permitido lavrar a mútua felicidade não estando mais à mercê de tais flutuações.




Ricardo Magno


1 Comentários:

Unknown disse...

"Um dia frio, um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide

Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você

E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores GRIS..."

(a única à altura de tudo q eu acabei de ler...)rs

Afetuosamente,

Juh...