8 de dezembro de 2010

Os Filhos de Noé




As coisas são tão massificadas que a primeira vez que eu for ao Rio nem será mais a primeira vez. É que de tanto eu assistir aos domingos os jogos do Mengão no Maraca é como se eu já estivesse ido lá. E a impressão é tão viva que ao termino da partida, quando observo a rua da porta de minha casa é como se eu enxergasse as pessoas saindo do Estádio e retornando para suas moradias.

Igual a um osso de cachorro interrado, o que é feito aqui fica para sempre no quintal da própria casa. Seleciona-se putas não apenas pela qualidade dos serviços prestados, mas também pela relação custo-benefício entre as habilidades e o preço cobrado. Ai está decifrado o coeficiente do prazer capitalista.

Se eu posso ir ao supermercado e comprar uma comida de microondas, então porque também não posso ir ao Sex Shop e adotar uma garota inflável? Que mal poderia a ver nisso se meu cachorro adorar fazer sexo com um pato de borracha? Mas todo corpo que é conservado em álcool acaba sendo levado para o IML.

A televisão pode até ser uma fábrica de sonhos (falsos). Mas quando as coisas saem erradas e a gente comprova que o Papai Noel não existe, é sempre muito engraçado. Porque a vida é foda demais! Depois de um segundo após sentir o que sentimos, não se sente mais nada.

Com o sorriso de um velho bobo a estampar a alegria de uma criança mimada, ao invés das pessoas me provarem o contrário, elas insistem em reafirmar o velho. É que, quando às vezes eu acerto o sentimento na data errada é porque um texto sempre vale para mais de uma pessoa, na hora certa!

Quando o corpo está em movimento, pouco a pouco vai se condensando o calor em água. Não se sente bem ao certo a dor, quase não se sente nada. E das lindas mulheres recauchutadas pela bebida, nicotina e os quase cinco graus de miopia; resta a mim, apenas mirar na beleza microscópica diante dos olhos escondida na ponta do nariz, e semelhante a observar pontinhos cegos na parede, logo surge a grande miragem.

Mente quem diz que deus descansou no sétimo dia. É mentira! Ele descansava a cada sete horas. Somente assim ele foi capaz de nos fazer a imagem e semelhança de nossos bens materiais. É que comigo, a psicologia inversa sempre saiu pelo averso e todo mundo se transforma no que tem.

Por culpa de um filho da puta chamada Gregório, que em 15 de outubro de 1582 passou a perna em outro filho de uma égua cujo nome o intitulavam de Juliano, neste Natal e Final de Ano, não teremos feriado. Vão cair em um sááábado! Meeerda!

Pouco me importa os diplomas e certificados! As pessoas nos julgam por isso, mas o veredicto geralmente é inválido. Qual seria o interesse de um filho ao ver a mãe pelada a não ser o desejo angustiante de que o médico lhe arranque logo daquelas entranhas? Qual seria a expressão de uma filha ao pegar o pai se arrumando a não ser outras palavras que não fossem estas: “Tome vergonha”! Não sendo na Casa dos Budas Ditosos, ao menos assim seguem as coisas.

Mas, se eu realmente quiser falar com deus, apenas ligo do meu celular. Porém, calma! Eu sempre soube disso. Um dia iria acontecer a reviravolta em minha vida. E, ao seguir no mais tranqüilo e agradável falso celibato onde quase todo padre jaz, nunca consegui me reconhecer no rosto de outra pessoa, pois lá, eu sempre vi uma imagem disforme. Venho sucumbindo a vida inteira para não sucumbir neste momento. Mas, lamento por minha alma gêmea. A deixarei só.



Ricardo Magno


2 Comentários:

Anônimo disse...

texto muito bom, parabens!

Ricardo Magno disse...

Meu sinceros agradecimentos. Obrigado!